Pintura de Domingos Sequeira Moeda de César vai a leilão por 45 mil euros em Lisboa

Óleo foi executado na primeira estadia do artista em Roma, capital a que se deslocou para estudar os grandes mestres italianos. Sequeira estava ainda em início de carreira, mas mostrava já predilecção por temas religiosos.

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Domingos Sequeira começou esta pintura, Moeda de César , em 1789, quando, ainda em início de carreira, estava em Roma com uma bolsa DR

A pintura Moeda de César, de Domingos António de Sequeira (1768-1837), vai a leilão em Junho, em Lisboa, com uma base de licitação de 45 mil euros, revelou hoje à agência Lusa a Cabral Moncada Leilões.

Proveniente de uma colecção privada, o óleo sobre tela, criado na fase inicial da carreira do artista que ficaria conhecido como Domingos Sequeira, deverá ir à praça a 6 de Junho, num leilão presencial da Cabral Moncada, segundo a mesma fonte.

A pintura foi exibida em 1998, na exposição temporária Sequeira 1768-1837. Um Português na Mudança dos Tempos, organizada pelo Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, a entidade que tem a maior colecção de obras do autor, cerca de 770 desenhos e 45 pinturas.

Iniciado em 1789, este óleo sobre tela foi o primeiro que Sequeira pintou em Roma, inspirado num tema dos Evangelhos, e terá chegado a Lisboa para ser oferecido à rainha D. Maria I, em 1791, desconhecendo-se o que lhe aconteceu em seguida. Só muito mais tarde, nos anos de 1950, foi descoberto e adquirido em Lisboa por António Loureiro Borges - antigo secretário de Estado adjunto do ministro das Finanças e do Plano, na década de 1980, e administrador do Banco de Portugal, falecido em 1991 -- tendo permanecido, desde então, na colecção da família.

O trabalho de Domingos Sequeira (1768-1837), realizado nas primeiras décadas do século XIX, situa-se entre o classicismo e o romantismo. Devido ao seu talento, Sequeira conseguiu protecção aristocrática e uma bolsa para se aperfeiçoar em Roma, onde privou com vários mestres e conquistou diversos prémios académicos.

O MNAA é a entidade que possui o maior número de desenhos e pinturas do artista, entre eles Adoração dos Magos, hoje objecto de um processo de classificação como bem de interesse nacional, aberto no ano passado pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Exposta no MNAA desde Julho de 2016, depois de dois meses de restauro pelos técnicos da instituição, a obra foi alvo de um trabalho profundo de investigação, depois de ter sido adquirida numa campanha pública de angariação de fundos.

Em 2015, esta campanha atingiu um total de 745.623,40 euros, ultrapassando largamente os 600 mil euros necessários para a aquisição da pintura.

Esta foi a primeira campanha de angariação de fundos para a compra de uma obra de arte para um museu público português e contou com a contribuição de milhares de cidadãos a título individual, instituições, empresas, fundações, escolas, juntas de freguesia e câmaras municipais.

Lançada em Outubro de 2015, em colaboração com o jornal PÚBLICO, a campanha Vamos pôr o Sequeira no Lugar Certo tinha como objectivo ajudar o museu a adquirir a Adoração dos Magos pintada em 1828, da qual o MNAA possuía já o desenho final e vários preparatórios.

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