110 Histórias, 110 Objectos: Raposa, o pequeno robô de busca e salvamento

Neste 45.º episódio do podcast, conhecemos Raposa, o robô de busca e salvamento. O podcast 110 Histórias, 110 Objectos, do Instituto Superior Técnico, é um dos parceiros da Rede PÚBLICO.

No podcast 110 Histórias, 110 Objectos, um dos parceiros da Rede PÚBLICO, percorremos os 110 anos de história do Instituto Superior Técnico (IST) através dos seus objectos do passado, do presente e do futuro. Neste 45.º episódio do podcast, conhecemos o robô Raposa.

Foto
Raposa, o robô de busca e salvamento Instituto Superior Técnico

O Raposa é um pequeno robô com cerca de 70 centímetros de comprimento, 50 centímetros de largura e não mais que 15 centímetros de altura, espalmado, com umas rodas dentadas a fazer lembrar um tanque de guerra. Mas vem em paz. Foi criado para chegar primeiro aos locais de catástrofe onde é possível salvar vidas. Entra em acção em situações em que é perigoso enviar um meio humano para ver se há vítimas entre escombros. Faz uma pré-visualização e inspecção da situação, identifica e leva uma luz (e uma voz) de esperança às potenciais vítimas enquanto esperam por socorro.

Foto

“Quando vamos a um sítio e temos pessoas debaixo dos escombros e podemos salvá-las, não vamos envolver humanos bombeiros para um sítio que está em risco de cair em cima delas”, explica Pedro Lima, professor do departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores do IST e investigador do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR). “Se mandarmos um robô, podemos perder o dinheiro que ele custou mas não mais do que isso. E já conseguimos comunicar com a pessoa enquanto fazemos o resto do trabalho”, complementa.

O Raposa (nome que rouba algumas letras ao conceito de robô semi-autónomo para operações de busca e salvamento) torna-se assim numa poderosa extensão capaz de fazer o que os humanos não conseguem. E o que se pede a um robô nesse contexto? Responde António Pato, coronel de engenharia na reserva e segundo-comandante do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa entre 2003 e 2008: “Para um bombeiro, um robô deve ser o mais pequeno possível, deve ter o maior número de capacidades possível, a maior autonomia possível e uma bateria que dure muito tempo. Por outro lado, ter um microfone e um altifalante controlado por um portátil, para vermos uma vítima e falar para ela. Em termos anímicos é uma bomba de motivação para a vítima saber que alguém sabe onde está”.

O Raposa apresentava ainda como algumas das suas grandes qualidades, a capacidade de subir escadas, andar em espaços apertados como os canos de esgotos das cidades e ainda ter autonomia para conseguir continuar a sua actividade desligando-se do cabo de energia. Os investigadores do IST/ISR são os responsáveis pela sua programação, enquanto a mecânica e electrónica ficaram a cargo da empresa IDMind, uma spin-off do Técnico, representada por Paulo Alvito, seu fundador e engenheiro electrotécnico licenciado pelo IST: “A nossa preocupação foi fazer um robô leve e conseguir encapsular dentro do espaço do robô, que não era assim tanto, toda a electrónica e as baterias”.

O projecto de colaboração entre o IST, o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa e a IDMind surgiu em 2003, após uma carta de António Pato a Pedro Lima. “Ouvi, salvo erro na TSF, Pedro Lima a falar sobre robôs de futebol. Quando cheguei ao regimento, redigi-lhe uma cartinha a dizer quem éramos e qual era a ideia de termos um contacto para a área de busca e salvamento”, recorda António Pato. A carta encaixou na perfeição no projecto de investigação Rescue, que o IST integrava desde 2000. Do papel ao alumínio nascia o Raposa, que depois de construído passou a ser testado em treinos com Isabel Ribeiro, professora catedrática aposentada do departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores do IST e investigadora do ISR. O projecto prolongar-se-ia até 2005.

Rodrigo Ventura, professor de Engenharia Electrotécnica e de Computadores e investigador no ISR, também recorda os tempos da Robocup, que não se centrava apenas na competição de futebol. A liga de busca e salvamento, por exemplo, “apresentava desafios técnicos interessantes de muita complexidade”. O Raposa significa, na sua visão, “um dos primeiros exercícios de construção de robôs em cooperação entre a academia, a sociedade civil e as empresas”.

O robô conheceu, entretanto, uma segunda versão designada NG (New Generation), também desenvolvida em parceria com a IDMind. Já foi vendida a algumas universidades internacionais e tem sido usada também em contexto de inspecção de locais potencialmente perigosos, como minas. Para o futuro da robótica, ficam os votos de Paulo Alvito: “Que os robôs, no futuro, sejam sobretudo isto: uma ferramenta onde haverá uma colaboração homem-máquina. E que este tipo de projectos sirva de inspiração para quem pensa em fazer. É possível”.


O podcast 110 Histórias, 110 Objectos é um dos parceiros da Rede PÚBLICO. É um programa do Instituto Superior Técnico com realização de Marco António (366 ideias) e colaboração da equipa do IST composta por Filipa Soares, Sílvio Mendes, Débora Rodrigues, Patrícia Guerreiro, Leandro Contreras, Pedro Garvão Pereira e Joana Lobo Antunes.

Siga o podcast 110 Histórias, 110 Objectos no Spotify, na Apple Podcasts ou em outras aplicações para podcast.

Conheça os podcasts da Rede PÚBLICO em publico.pt/podcasts.

Sugerir correcção
Comentar