Consumo de antibióticos caiu nos anos da pandemia

O consumo de antibióticos em ambulatório aumentou ligeiramente entre 2013 e 2019, mas diminuiu em 2020. DGS estima que a pandemia tenha tido influência significativa na queda.

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O consumo de antibióticos em Portugal está abaixo da média europeia Miguel Manso

O consumo de antibióticos em ambulatório aumentou ligeiramente entre 2013 e 2019 em Portugal, mas registou uma redução acentuada a partir de 2020 devido à pandemia de covid-19, avança um relatório da Direcção-Geral da Saúde (DGS) divulgado esta quinta-feira.

“Em ambulatório, a redução de incidência de infecções respiratórias bacterianas pela restrição à circulação e aglomeração de pessoas e pelo uso generalizado de máscara e, por outro lado, a redução de acesso a consulta médica determinaram uma franca redução de consumo de antibióticos”, adianta o relatório anual do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA) da DGS.

Publicado esta quarta-feira, no Dia Mundial da Higiene das Mãos, o documento refere que o consumo de antibióticos em ambulatório teve uma “tendência ligeiramente crescente” entre 2013 e 2019, mas mantendo-se sempre abaixo da média europeia.

“Em 2020, pelo contexto pandémico, verificou-se uma marcada redução de consumo, que parece sustentada em 2021. Esta redução foi mais marcada do que a da média europeia”, adiantam ainda os dados do PPCIRA.

No entanto, o rácio de antibióticos de largo espectro sobre os de espectro estreito aumentou entre 2018 e 2021 e de forma mais acentuada do que na média europeia, o que faz com que Portugal tenha o “quinto pior resultado à escala europeia neste indicador”, alerta o relatório divulgado pela DGS.

Já relativamente ao consumo hospitalar de antibióticos, o documento refere que se tem mantido estável desde 2013 e abaixo da média europeia. “O consumo de um grupo de antibióticos de uso hospitalar mais associado ao tratamento de infecções causadas por bactérias multirresistentes tem-se mantido estável desde 2014, resolvendo a tendência crescente que se verificou entre 2011 e 2014”, nota o relatório.

“Parece-nos que o contexto pandémico teve influência significativa nos indicadores de consumo de antibióticos”, admitem os autores do relatório do PPCIRA, programa prioritário de saúde criado em 2013.

Higiene das mãos aumentou com pandemia

O documento conclui também que a adesão ao cumprimento da higiene das mãos aumentou progressivamente a partir de 2016, sendo “particularmente significativo o aumento ocorrido entre 2019 e 2020 no contexto pandémico”.

Nas unidades de saúde, “entre esses dois anos, a taxa de cumprimento global e a taxa de cumprimento do primeiro momento de higiene das mãos aumentaram de 75,7 para 82,7% e de 68,0 para 76,2%, respectivamente”, refere o documento.

De acordo com os dados do programa, entre 2015 e 2020, verificou-se uma redução da incidência da taxa global de infecção em locais cirúrgicos, da corrente sanguínea adquirida em hospital, de pneumonia associada a tubo endotraqueal em unidades de cuidados intensivos de adultos e neonatais e de infecção por Clostridioides difficile.

“O período pandémico levou a significativo decréscimo da amostra de vigilância epidemiológica de infecções hospitalares, decorrente sobretudo da dedicação dos grupos locais do PPCIRA à batalha contra a covid-19”, reconhece o relatório.

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