ECDC apela a vigilância de casos de hepatite aguda que continuam sem causa conhecida

Centro Europeu de Controlo e Prevenção das Doenças considera a situação “preocupante para a saúde pública” e aconselha à sensibilização de pediatras, clínicos gerais e outros especialistas médicos para informar sobre a identificação de casos activos.

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Avaliação de risco do ECDC sobre os casos de hepatite aguda em crianças recomenda o reforço da higiene cuidadosa das mãos e a limpeza e desinfecção de superfícies Nuno Ferreira Santos

O Centro Europeu de Controlo e Prevenção das Doenças (ECDC, na sigla inglesa) apelou esta quinta-feira às autoridades de saúde nacionais para efectuarem uma rápida vigilância dos casos de hepatite aguda em crianças, reconhecendo que as suas causas continuam por determinar.

“É essencial estabelecer a vigilância a nível nacional para os países da UE/EEE [União Europeia e Espaço Económico Europeu] o mais rapidamente possível para recolher informações epidemiológicas, clínicas, virológicas e outras, incluindo análises toxicológicas, sobre os casos”, adianta a avaliação de risco do ECDC divulgada esta quinta-feira.

Segundo o documento, as autoridades de saúde pública devem comunicar com pediatras, clínicos gerais e outros especialistas médicos para informar sobre a necessidade de identificar casos activos de hepatite aguda grave em crianças.

As situações que forem detectadas e que se enquadrem na “definição do caso devem ser comunicadas ao Sistema Europeu de Vigilância (TESSy) o mais rapidamente possível”, avança a análise do ECDC, ao reconhecer que, uma vez que a etiologia [causas] permanece desconhecida, não podem ser definidas nesta fase medidas de controlo eficazes da doença.

A avaliação de risco recomenda ainda, tendo em conta que a exposição fecal e oral aos adenovírus é mais provável nas crianças mais novas, o reforço da higiene cuidadosa das mãos e a limpeza e desinfecção de superfícies.

Segundo o ECDC, já foram reportados 111 casos no Reino Unido, 12 nos Estados Unidos, 12 em Israel, um no Japão e, até quarta-feira, tinham sido identificados 55 casos prováveis e confirmados em 12 países da UE/EEE, que apresentavam um quadro clínico de hepatite aguda grave com hospitalização com icterícia.

“Na maioria dos casos até à data, o aparecimento da icterícia foi precedido por doença gastrointestinal com vómitos, diarreia e náuseas”, refere o ECDC, referindo que a maioria dos doentes já recuperou, mas em alguns casos a doença progrediu para insuficiência hepática aguda que exigiu transplante hepático.

“Os casos detectados foram testados para uma série de diferentes causas infecciosas e os agentes patogénicos mais comuns encontrados foram o adenovírus e o coronavírus SARS-CoV-2”, indica ainda o ECDC.

Com base nas investigações realizadas, uma das hipóteses é que um cofactor que afecta crianças com infecção por adenovírus, que seria leve em circunstâncias normais, desencadeie uma infecção mais grave ou lesão hepática, adianta a avaliação de risco, que admite como possibilidade uma nova variante do adenovírus ou uma maior susceptibilidade das crianças devido à falta de exposição prévia aos adenovírus durante a pandemia de covid-19.

De acordo com centro europeu, a doença é “bastante rara” e os dados sobre a transmissão entre humanos permanecem incertos, no entanto, tendo em conta os casos relatados com insuficiência hepática aguda, o “impacto potencial para a população pediátrica afectada é considerado elevado”.

“Tendo em conta a etiologia desconhecida, a população pediátrica afectada e o potencial resultado severo, este constitui actualmente um acontecimento preocupante para a saúde pública”, conclui o ECDC.

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