João Leão financiou com cinco milhões o seu novo emprego

Se dois dias após sair do Governo João Leão já tinha garantido o cargo de vice-reitor, isso significa que o lugar foi apalavrado com a reitora Maria de Lurdes Rodrigues quando ainda era ministro das Finanças.

Tenho um dedo que adivinha. Não passaram sequer 24 horas sobre o artigo que aqui escrevi sobre as ligações cada vez mais íntimas entre o PS e o ISCTE para se descobrir que o ex-ministro das Finanças João Leão colocou no Orçamento de Estado o orçamento do seu novo emprego. Dois dias após deixar o Governo, João Leão foi nomeado vice-reitor do ISCTE para a área do Desenvolvimento Estratégico, onde se inclui a construção do ISCTE – Conhecimento e Inovação, um ambicioso “centro de valorização de transferência de tecnologias” (CVTT) que em 2019 conseguiu um financiamento europeu de 4,8 milhões de euros. Só que o investimento total supera os 12 milhões, e os restantes oito foram inscritos no Orçamento de Estado com um detalhe significativo: eles provêm da “dotação centralizada do Ministério das Finanças” e não do orçamento do Ministério da Ciência. O facto de o ex-ministro das Finanças garantir que não teve “qualquer intervenção no processo” é contraditado pelo relatório de execução orçamental: o ministro João Leão financiou, de facto, o principal projecto do agora vice-reitor João Leão.

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Tenho um dedo que adivinha. Não passaram sequer 24 horas sobre o artigo que aqui escrevi sobre as ligações cada vez mais íntimas entre o PS e o ISCTE para se descobrir que o ex-ministro das Finanças João Leão colocou no Orçamento de Estado o orçamento do seu novo emprego. Dois dias após deixar o Governo, João Leão foi nomeado vice-reitor do ISCTE para a área do Desenvolvimento Estratégico, onde se inclui a construção do ISCTE – Conhecimento e Inovação, um ambicioso “centro de valorização de transferência de tecnologias” (CVTT) que em 2019 conseguiu um financiamento europeu de 4,8 milhões de euros. Só que o investimento total supera os 12 milhões, e os restantes oito foram inscritos no Orçamento de Estado com um detalhe significativo: eles provêm da “dotação centralizada do Ministério das Finanças” e não do orçamento do Ministério da Ciência. O facto de o ex-ministro das Finanças garantir que não teve “qualquer intervenção no processo” é contraditado pelo relatório de execução orçamental: o ministro João Leão financiou, de facto, o principal projecto do agora vice-reitor João Leão.