Chega pede que MP investigue pressões alegadas por Constança Urbano de Sousa

Deputada do PS disse numa entrevista ao PÚBLICO ter sofrido “pressões ao mais alto nível para não alterar Lei da Nacionalidade”.

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Partido de André Ventura diz que acusações da deputada do PS “revestem-se de extrema gravidade” LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O Chega pediu esta segunda-feira ao Ministério Público para investigar as pressões alegadas por Constança Urbano de Sousa, que disse ter desistido de uma proposta de alteração à Lei da Nacionalidade após ter sido pressionada “ao mais alto nível”. Em comunicado, o grupo parlamentar do Chega “exige que o Ministério Público investigue as pressões sofridas por Constança Urbano de Sousa”, considerando que as acusações da deputada e vice-presidente da bancada do PS “revestem-se de extrema gravidade”.

No entender do partido, são “pressões graves, ilegítimas e injustas sobre uma deputada, ou seja, sobre o legislador, colocando em causa a independência que se exige a quem legisla”. “O Partido Chega faz um apelo ao Ministério Público para que investigue as referidas pressões sofridas por Constança Urbano de Sousa, que apure todos os factos”, lê-se no comunicado.

A deputada e vice-presidente da bancada do PS que em 2020 disse hoje ter desistido de alterar a lei que abrange os descendentes dos judeus sefarditas por causa da onda de contestação e que sofreu pressões de figuras do PS. Numa entrevista ao jornal PÚBLICO, Constança Urbano de Sousa, que em 2020 procurou alterar a “lei do retorno” dos descendentes de judeus sefarditas, apontou o dedo a figuras como Manuel Alegre e Maria de Belém e insistiu que, na altura, alertou para a “comercialização” da nacionalidade portuguesa.

“Devido a pressões ao mais alto nível, acabei por recuar duas vezes. Primeiro, deixei cair a exigência de dois anos de residência, substituindo este requisito por uma qualquer conexão relevante a Portugal, que seria depois regulamentada, mas fui também obrigada a desistir desta proposta”, afirmou na entrevista.

Em declarações à agência Lusa, o histórico socialista Manuel Alegre rejeitou qualquer tipo de pressão sobre a deputada, afirmando que apenas expressou a sua opinião. “Não sei o que é que ela quer dizer com forma de pressão. Ora, exprimir o nosso ponto de vista através de textos assinados colectivamente não é uma forma de pressão, é uma forma de exprimir uma opinião. E, aliás, quem é que seria pressionável ao mais alto nível? Quem é que ela pretende atingir?”, inquiriu Manuel Alegre.

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