“Não queremos saber” da crise climática, dizem eles (para imitar os mais velhos)

Se eles não quiserem saber, quem quer? É esta a pergunta que prevalece num vídeo de antecipação da greve climática desta sexta-feira, 25 de Março, lançado pela Fridays for Future dos Estados Unidos.

No vídeo de cerca de um minuto, os jovens vão repetindo frases que ouvem das gerações mais velhas: “Não é real”, “É uma conspiração”, “Já aconteceu antes”. Mas, para eles, a crise climática é “um assunto pessoal” — são eles quem vão ter de lidar com um planeta mais quente, mais propenso a fenómenos meteorológicos intensos; são eles que sofrem de ecoansiedade quando vêem as notícias de desastres climáticos e pensam que a tendência é piorar.

Com uma linha retro, o vídeo foi idealizado pelos criativos da Fred&Farid, em Los Angeles, e tem uma linha leve, descontraída, cool, que contrasta com a mensagem que quer transmitir. Afinal, o que aconteceria se a geração actual se comportasse perante a crise climática como as gerações anteriores?

Pelo contrário, os jovens de hoje saem à rua para lutar pelo clima. Uma nova greve mundial climática — movimento iniciado pela activista sueca Greta Thunberg — volta a sair à rua esta sexta-feira. Por cá, estão marcados protestos para o Faro, Braga, Coimbra, Lisboa, Odemira e Porto. “Já passaram três anos desde a primeira greve e ainda não vimos mudanças”, refere Filipa Costa, porta-voz da manifestação no Porto, ao P3. 

As exigências não são novidade: “Neutralidade carbónica até 2030, compensações climáticas, transportes públicos mais eficientes” e electrificados e melhorias na ferrovia. No manifesto, os activistas dizem também que “os 1% capitalistas mais ricos devem ser responsabilizados pelas suas acções e ignorância intencional”.

E apontam uma ideia que acaba por convergir com a do vídeo: “Não somos os responsáveis, mas somos quem está a pagar.” Por isso, eles querem saber.