Ana Rita Teodoro e o começo no fim

Planeada enquanto peça sobre o fim, Aaah, em estreia no Teatro do Bairro Alto, de 25 a 27 de Março, transformou-se numa peça que se constrói sobre o nascimento. Afinal, um e outro não estão assim tão distantes.

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Maternidade e tranmissão, duas situações presentes na mais recente criação de Ana Rita Teodoro José Carlos Duarte

Se soubesse o que sabe hoje, Ana Rita Teodoro teria, provavelmente, pensado em Aaa – Partir e Aaah como um díptico. Ainda vai a tempo de repensar e estabelecer essa ligação entre as duas peças, mas a verdade é que um processo criativo muitas vezes ganha vida própria e encaminha a exploração das ideias para lugares inesperados. Depois de ter apresentado Aaa – Partir na Fundação Serralves, Porto, em 2021, uma performance que se relacionava e encetava um diálogo com a obra I Give Everything Away que a artista francesa Louise Bourgeois criou aos 98 anos, perto do final da sua vida, a bailarina e coreógrafa começou a trabalhar num solo que reflectiria sobre corpos a experimentar o seu envelhecimento em palco enquanto dançavam. E em mente tinha, muito em especial, os exemplos de Kazuo Ohno, Raimund Hoghe (em particular a peça memorialista Je me Souviens) e Mark Tompkins. Aaah seria, acreditava, um aprofundamento da ideia de corte, uma aproximação da morte, mas também uma exploração do seu “desejo de dançar para sempre”, conta ao PÚBLICO.

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Se soubesse o que sabe hoje, Ana Rita Teodoro teria, provavelmente, pensado em Aaa – Partir e Aaah como um díptico. Ainda vai a tempo de repensar e estabelecer essa ligação entre as duas peças, mas a verdade é que um processo criativo muitas vezes ganha vida própria e encaminha a exploração das ideias para lugares inesperados. Depois de ter apresentado Aaa – Partir na Fundação Serralves, Porto, em 2021, uma performance que se relacionava e encetava um diálogo com a obra I Give Everything Away que a artista francesa Louise Bourgeois criou aos 98 anos, perto do final da sua vida, a bailarina e coreógrafa começou a trabalhar num solo que reflectiria sobre corpos a experimentar o seu envelhecimento em palco enquanto dançavam. E em mente tinha, muito em especial, os exemplos de Kazuo Ohno, Raimund Hoghe (em particular a peça memorialista Je me Souviens) e Mark Tompkins. Aaah seria, acreditava, um aprofundamento da ideia de corte, uma aproximação da morte, mas também uma exploração do seu “desejo de dançar para sempre”, conta ao PÚBLICO.