Miguel Relvas: “Se Moedas fosse candidato à liderança do PSD ganharia”

Antigo ministro, em declarações à Rádio Renascença, considera que Rui Rio não tem “legitimidade política” para se manter à frente do partido

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Miguel Relvas, antigo número dois de Passos Coelho daniel rocha

Miguel Relvas, antigo ministro de Passos Coelho, considera que Carlos Moedas “tem todas as condições para poder ser líder do PSD” mas que este não é o momento para ser candidato. Em entrevista à Rádio Renascença, esta sexta-feira, Relvas defende que o próximo líder tem de “voltar a unir o partido”.

Apoiante de Paulo Rangel e de Miguel Pinto Luz em anteriores directas, o antigo número dois de Passos Coelho assume ver com dificuldade a ideia de Carlos Moedas vir a acumular a presidência da Câmara de Lisboa com a do partido.

“O engenheiro Carlos Moedas tem todas as condições para poder ser líder do PSD. Ele tem um problema para ele... ele aliás já assumiu que o seu projecto é Lisboa. Seria muito difícil um presidente de câmara ser eleito há meia dúzia meses e ser em simultâneo líder do PSD”, afirma, considerando, no entanto, que seria um candidato vencedor. “Se ele fosse candidato certamente ganharia as eleições dentro do PSD, não sei se seriam as melhores circunstâncias para ele e para o partido”, acrescenta.

Crítico da actual liderança, Miguel Relvas defende que Rui Rio devia sair do cargo mais rapidamente do que o previsto. “O dr. Rui Rio fechou o seu ciclo… Não encontro uma razão política… Não estou a dizer que não tem legitimidade estatutária ou jurídica para continuar na liderança, a questão é de legitimidade política. Ele próprio reconheceu na noite das eleições que não era útil ao partido”, afirma.

Sobre a próxima liderança do PSD, o antigo secretário-geral do partido defende que “a nova geração” de protagonistas no partido – Luís Montenegro, Miguel Pinto Luz, Jorge Moreira da Silva, Paulo Rangel e Carlos Moedas – têm que “trabalhar juntos” para “trabalhar em prol do PSD para colocar o partido naquele que é o seu lugar”. Para já, neste momento, afasta o regresso de Passos Coelho: “O saudosismo não é bom conselheiro nestes tempos difíceis.”

Em relação aos resultados das legislativas e sobre os desafios da próxima liderança, Miguel Relvas aponta soluções. “Uma ilação a tirar dos resultados é que havia mais insatisfação em relação à oposição do que ao Governo porque o PS ganhou com maioria absoluta. É preciso fazer esse trabalho de casa, voltar a unir o partido, voltar a tornar o partido mais democrático, mais participativo, chamar sectores importantes da sociedade portuguesa. Como? Pela qualidade das propostas”, afirma o actual consultor empresarial.

Em relação à liderança da bancada parlamentar, Relvas assume não haver um nome “óbvio” como acontecia no passado. “Não digo que as pessoas não têm qualidade, estou a falar de qualidade política e de peso político para estas responsabilidades. Certamente que se encontrará alguém e espero que o novo líder seja capaz de encontrar aquele que tem melhores condições, independentemente de o apoiar”.

Questionado sobre se o Presidente da República se esqueceu que estava marcado um conselho nacional do PSD para a próxima segunda-feira ao agendar um Conselho de Estado para o mesmo dia, o antigo ministro aponta o dedo a Rui Rio: “É mais um dado que aponta à insignificância da liderança do PSD.”

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