Dia Internacional da Mulher

Nem o batom, nem a maquilhagem podem desqualificar a nossa capacidade de fazer intervenção política no campo onde todas as transformações doem.

Neste Dia Internacional da Mulheres, do ano 2022, é com profunda tristeza que vemos as mulheres ucranianas a fugir da guerra com os filhos nos braços, a darem à luz em abrigos e a deixarem os homens na frente de combate. A violência sexual e o tráfico de seres humanos atingem de forma brutal as mulheres neste tipo de conflitos.

Os pilares da democracia e da igualdade estão a estremecer.

É urgente que a Europa seja firme na defesa intransigente dos seus valores fundadores - da solidariedade, da Igualdade e dos direitos humanos, contra aqueles que defendem uma visão não emancipatória do mundo.

Será que temos de inventar novos futuros, que permitam combater os interesses por trás desta dominação global?

Neste Dia Internacional da Mulher, queremos, ainda, recordar as grandes conquistas em igualdade na história da nossa democracia e os avanços registado em paridade, na igualdade no mercado de trabalho e na economia, no combate à violência doméstica e a todas as formas de discriminação. Queremos recordar que as lutas contra a violência doméstica e todas as formas de discriminação, bem como o apoio às famílias, sempre fizeram sentido, mas ainda fizeram mais nestes tempos difíceis de pandemia, onde mulheres e homens foram desproporcionalmente atingidos.

É hoje fundamental que o novo ciclo de recuperação e crescimento considere os contributos das mulheres para o desenvolvimento global da nossa sociedade e priorize as medidas de política com um olhar particular sobre os retrocessos sentidos na vida das mulheres, e volte a colocar-nos numa linha de progresso, aproveitando estas aprendizagens para irmos mais longe.

Não podemos deixar de reconhecer as conquistas em paridade nos cargos de direção que têm vindo progressivamente a fazer-se, mas temos de reconhecer que não têm sido suficientes para travar retrocessos, nem derrubar os estereótipos de género ainda incrivelmente persistentes em alguns opion makers deste país.

Nem o batom, nem a maquilhagem podem desqualificar a nossa capacidade de fazer intervenção política no campo onde todas as transformações doem.

É urgente que nenhum preconceito e que nenhuma crença enraizada se constitua como obstáculo à nossa vontade de mudar o mundo e de participar nessa mudança, como fazedoras de uma ação política transformadora.

Sabemos que, ainda hoje, quando uma alta liderança se disputa, além das qualificações que devem estar obviamente à altura do desafio, para as mulheres sobram sempre apreciações pessoais, normalmente depreciativas, que pretendem desvalorizar as suas qualificações. Tudo isto é fado, e evidencia a subtileza das discriminações que sobre as mulheres ainda hoje recaem.

É, por isso, urgente quebrar esses preconceitos. É urgente estarmos em representação paritária nos mais altos cargos da Nação, uma vez que é pelo exemplo que as mudanças ganham força e sustentabilidade.

Não somos mais, mas também nos somos menos que ninguém. Cada pessoa vale pelo que é, pelos sonhos que transporta e pela capacidade que tem em os concretizar.

E a participação das mulheres, além da mais elementar justiça, qualifica e aprofunda a democracia e a luta pelos direitos e pela Igualdade.

Será que temos de inventar novos futuros que nos libertem da subjugação e impeçam o exercício da liberdade?

Esta é a urgência deste tempo novo. Uma chamada à qual nem a Europa, nem o mundo unido, podem faltar.

Nada matará a esperança!


A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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