Portugueses criam “superpinheiros” mais resistentes à seca

Melhoramento genético foi desenvolvido ao longo de dois anos por três cientistas do Campus de Tecnologia e Inovação BLC3, em Oliveira do Hospital.

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O presidente da BLC3, João Nunes, junto de um "superpinheiro" LUSA/PAULO NOVAIS

O Campus de Tecnologia e Inovação BLC3, no concelho de Oliveira do Hospital, desenvolveu pinheiros mais resistentes à seca, que precisam de menos de metade da água habitual para conseguirem a mesma produtividade e desempenho.

“Conseguimos criar pinheiros mais resilientes e com melhor qualidade genética, através de uma abordagem ao nível genético e da biologia molecular, com a criação de situações de stress induzidas e controladas. A conjugação destas duas dimensões permite ter plantas mais preparadas e resilientes às alterações climáticas e aos riscos fitossanitários, não esquecendo a valorização da biodiversidade e da genética”, disse o presidente da BLC3.

Em declarações à agência Lusa, João Nunes explicou que este melhoramento genético das plantas, para depois serem transplantadas para ecossistemas agrícolas ou florestais, foi desenvolvido ao longo de dois anos por três cientistas da BLC3.

“Conseguimos plantas em que é possível poupar 50 a 60% de água em relação ao normal, o que é muito bom, tendo em conta que se consegue a mesma produtividade e desempenho. Tivemos exemplares em que conseguimos mesmo obter resultados muito importantes e novos, de rebentaram após secarem e em situação extrema de stress hídrico”, apontou.

Estes “superpinheiros” foram plantados há 15 dias em Oliveira do Hospital, em fila e com o devido espaçamento entre eles.

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No terreno pode contar-se um total de 162 exemplares, que sobreviveram a situações de stress que lhes foram impostas, e que agora, depois de uma rega para compactar a terra, ficam entregues a si próprios.

“Estas serão as plantas mães, para a seguir gerarem outras plantas com as mesmas características. No fundo, o nosso papel é ajudar a criar as condições genéticas, para depois termos viveiros que possam fornecer estas plantas”, destacou.

Para o presidente da BLC3, doutorado em Biociências, o trabalho de combate às alterações climáticas e do seu impacto nas plantas “tem de começar logo quando são juvenis”.

“Se a abordagem e intervenção for apenas depois da plantação e colocação nos terrenos, não estaremos preparados para o combate às alterações climáticas, que poderão originar uma perda significativa de plantas e que são fundamentais para o equilíbrio do planeta”, acrescentou.

Ainda nesta fileira do pinheiro-manso e do pinheiro-bravo, a BLC3 tem alcançado “importantes resultados na valorização da resina natural, de grande importância para a economia nacional”.

“Devemos ter os únicos exemplares de pinheiros-bravos com mais anos de resiliência ao nemátodo do pinheiro, que surgem de um trabalho de mais de 20 anos de intervenção molecular, de aplicação da Lei de Darwin e com introdução dos princípios dos algoritmos genéticos de optimização na melhoria da qualidade e resiliência das plantas”, concluiu.

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