Boicote à vodka russa nos EUA: lojas deixam de vender bebida, em apoio à Ucrânia

Em New Hampshire, Ohio, Pensilvânia e, mais recentemente, Utah, as lojas de álcool deixaram de vender vodka russa como forma de demonstrar apoio à Ucrânia. “Nós vamos fazer a nossa parte para empurrar os invasores russos e apoiar as nossas irmãs e irmãos na Ucrânia”, afirma o governador do Utah.

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Vodka da marca Russian Standard à venda numa loja de álcool Reuters/PATRICK DOYLE

Nos últimos dias, alguns governadores dos Estados Unidos da América ordenaram a interrupção da compra e venda de vodka russa como maneira de demonstrar o seu apoio e solidariedade para com a Ucrânia, país assolado pela guerra desde dia 24 de Fevereiro.

O Utah foi o estado norte-americano mais recente a juntar-se a este boicote, que já conta com a participação de New Hampshire, Ohio e Pensilvânia, assim como de algumas províncias canadianas, como Ontário, Alberta e Colúmbia Britânica, avança a Reuters. O anúncio foi feito no sábado pelo governador do Utah, Spencer Cox. “Nós vamos fazer a nossa parte para empurrar os invasores russos e apoiar as nossas irmãs e irmãos na Ucrânia”, afirmou no Twitter.

O governador de New Hampshire, Chris Sununu, que também assinou uma ordem executiva para as lojas de álcool deixarem de vender “bebidas espirituosas de marca e fabrico russos”, partilha o mesmo sentimento: Usou a mesma rede social para declarar que o seu estado “apoia o povo da Ucrânia na sua luta pela liberdade”.

Já Mike DeWine, governador do estado de Ohio, especifica que será aplicada a medida a “todas as vodkas produzidas pela Russian Standard, a única destilaria russa a operar no estrangeiro com vodka vendida” no estado.

Apesar de a suspensão da comercialização desta bebida fortemente associada à cultura russa pretender ser uma demonstração de solidariedade para com a Ucrânia, o The New York Times sublinha que estes boicotes são “mais simbólicos do que estratégicos”. Segundo a CNN Business, as medidas acabam por não ter o impacto “pretendido” por haver “muito poucas marcas importadas para os Estados Unidos” que “ainda produzam o álcool na Rússia”.

De acordo com dados do Conselho de Bebidas Espirituosas Destiladas dos Estados Unidos, apresentados pela Reuters, na primeira metade de 2021, apenas 1,2% da vodka importada pelos EUA veio da Rússia. Assim, a venda da bebida russa correspondeu a 18,5 milhões de dólares (um pouco mais de 16,5 milhões de euros) dos 1,4 mil milhões de dólares totais (cerca de 1,3 mil milhões de euros) nesse mesmo ano. Para jeito de comparação, a vodka proveniente de França – marcas como Grey Goose, Cîroc, Gallant e MontBlanc – correspondeu a 660 milhões de dólares (quase 600 milhões de euros).

Mas muitas das vodkas “russas” vendidas nos EUA não são sequer produzidas na Rússia – é o caso da Smirnoff e da Stolichnaya. Segundo a CNN Business, a primeira marca, detida pelo fabricante de bebidas britânico Diageo, é produzida no estado norte-americano de Illinois, enquanto a segunda, produzida na Letónia, pertence ao grupo Stoli, que, em declarações à estação televisiva, afirma que “condena inequivocamente a acção militar na Ucrânia e está pronto para apoiar o povo ucraniano”.

Assim, os nomes tipicamente russos destas marcas de bebidas espirituosas – mais especificamente Stolichnaya significa “capital”, numa tradução livre para português – levam os governadores e os americanos em geral a crer que são de origem e fabrico russos. Mas, como remata o The Philadelphia Inquirer, “nome russo não faz uma vodka russa”.

A Russian Standard e a Ustianochka são as únicas marcas de vodka produzidas na Rússia que são distribuídas nos EUA. De acordo com o The Philadelphia Inquirer, a primeira pertence ao oligarca russo Roustam Tariko, que está por detrás dos grupos Roust e Roust Internacional que a distribuem, sendo a vodka é vendida sob os nomes Russian Standard Vodka e Green Mark Vodka, tal como refere Mike DeWine, governador de Ohio.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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