Polícia canadiana acaba com os protestos dos camionistas na capital do país

Depois do gás pimenta e das granadas de atordoamento no sábado, com a detenção de 170 pessoas, a polícia rebocou este domingo os veículos que ainda bloqueavam as ruas de Otava.

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A polícia procedeu á remoção de todos os veículos do centro de Otava CARLOS OSORIO/Reuters

A polícia canadiana começou este domingo a quebrar os vidros dos veículos abandonados no centro de Otava, para os rebocar e limpar a capital do país depois de dois dias de muita tensão e 192 detidos, no fim de três semanas de ocupação.

Os manifestantes usaram centenas de camiões e outros veículos para bloquear a cidade desde 28 de Janeiro, forçando o primeiro-ministro Justin Trudeau, a recorrer a poderes de emergência que raramente são utilizados no país.

Este domingo havia ainda alguns retardatários a arrumar um depósito logístico que a autodenominada “Caravana da Liberdade” havia montado num parque de estacionamento perto da auto-estrada para fornecer os manifestantes acampados no centro da cidade.

“Estivemos a gerir o apoio à caravana e às pessoas que estavam no centro – comida, combustível, produtos essenciais”, disse Winton Marchant, um bombeiro reformado de Windsor, na província de Ontário. “Este era o acampamento base e estamos a limpá-lo.”

Os manifestantes reclamavam inicialmente contra a decisão de vacinação obrigatória para os camionistas que cruzam a fronteira para os Estados Unidos, mas a situação acabou por evoluir para um protesto generalizado contra Trudeau e o seu Governo.

No sábado, a polícia usou gás pimenta e granadas de atordoamento para remover os manifestantes mais resistentes que ainda permaneciam no local, desobstruindo a maior parte da área em frente ao Parlamento. Outros manifestantes deixaram as suas posições em várias partes do centro da cidade durante a noite.

“Continuamos a manter uma presença policial dentro e ao redor da área ocupada pelo protesto ilegal. Estamos a usar barreiras para assegurar que o terreno ganho não volta a ser perdido”, escreveu a polícia no Twitter.

Pela primeira vez em semanas, só havia silêncio e neve na baixa de Otava. Os camiões a buzinar partiram. Um residente confessou o seu alívio.

“Parece que superámos o obstáculo”, disse Tim Abray, um residente do centro da capital, à emissora pública canadiana CBC. Mas a divisão política não desaparecerá tão facilmente, acrescentou o consultor de comunicação.

Vários repórteres de televisão foram acossados, insultados, ameaçados e até empurrados por manifestantes, tanto em Otava como na Colúmbia Britânica, onde um grupo cortou um passo fronteiriço a sul de Vancouver no sábado.

O Ministro da Indústria, François-Philippe Champagne, condenou o que aconteceu aos jornalistas no Twitter, apelidando os episódios como “profundamente perturbadores”.

Na segunda-feira, Trudeau recorreu aos poderes de emergência para dar ao seu Governo uma autoridade mais ampla para acabar com os protestos, incluindo poderes para congelar contas bancárias de suspeitos de apoiar os bloqueios sem autorização judicial.

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