Covid-19: protestos bloqueiam capital do Canadá. Otava declara estado de emergência

As manifestações, que começaram a 29 de Janeiro em Otava, espalharam-se a outras grandes cidades canadianas durante este fim-de-semana. Dezenas de camiões e manifestantes continuavam este domingo a paralisar o centro da capital do Canadá.

Foto
Protestos de camionistas e apoiantes bloqueiam a capital do Canadá há 10 dias Reuters/PATRICK DOYLE

A situação em Otava está “fora de controlo”, admitiu este domingo o presidente da câmara da capital canadiana, com o centro da cidade bloqueado há mais de uma semana pelos protestos contra as restrições impostas para conter a pandemia de covid-19. De forma a tentar controlar a ocupação que se prolonga há já dez dias, Jim Watson declarou estado de emergência na cidade.

“(Isto) reflecte o perigo sério e a ameaça à segurança e protecção dos moradores representados pelas manifestações que estão em andamento e evidencia a necessidade de apoio de outras jurisdições e níveis de governo”, disse em comunicado.

As manifestações, que começaram em Otava no passado fim-de-semana, em 29 de Janeiro, espalharam-se a outras grandes cidades canadianas durante este fim-de-semana.

Dezenas de camiões e manifestantes continuavam este domingo a paralisar o centro da capital do Canadá.

“A situação, neste momento, está completamente fora de controlo, porque os manifestantes estão a mandar”, disse o presidente da câmara, Jim Watson, em declarações a uma rádio local, realçando que aqueles “ultrapassam em muito a polícia”.

“Estamos a perder a batalha, (...) temos de recuperar a nossa cidade”, frisou o autarca, descrevendo como “inaceitável” o comportamento dos manifestantes, que estão a bloquear e as destruir as ruas com os camiões.

O movimento, apelidado de Freedom Convoy ("Comboio da Liberdade"), visava inicialmente protestar contra a decisão das autoridades de exigirem, desde meados de Janeiro, que os camionistas fossem vacinados para atravessar a fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos, mas rapidamente se transformou num movimento contra as medidas sanitárias para evitar a propagação da covid-19 e também, para alguns, contra o Governo liderado por Justin Trudeau.

Os manifestantes dizem que vão continuar a sua ocupação até que as medidas sanitárias restritivas sejam levantadas. Suásticas, bandeiras confederadas e outros símbolos de ódio foram também detectados nos protestos antivacinas.

Protestos semelhantes, mas de menor dimensão, tiveram lugar em várias grandes cidades canadianas no sábado, incluindo Toronto, Cidade do Quebeque e Winnipeg, e continuaram este domingo na Cidade do Quebeque.

Numa reunião de emergência com funcionários municipais, no sábado, o chefe da polícia de Otava, Peter Sloly, queixou-se de não ter recursos suficientes para acabar com aquilo a que chamou um “estado de sítio” e apelou a “recursos adicionais”.

A polícia de Otava deverá ser reforçada em breve com cerca de 250 membros da Real Polícia Montada Canadiana (RCMP), uma força policial federal.

Cerca de 450 multas foram passadas desde a manhã de sábado, inclusive por excesso de ruído e fogo-de-artifício, disse no domingo a polícia de Otava, referindo que houve comportamentos perturbadores ou ilegais por parte dos manifestantes durante a noite, que representavam um risco para a segurança pública ou um aumento da “angústia” para os residentes da cidade.

Sugerir correcção
Ler 15 comentários