“Espalhar a bondade” é a missão de Orion Jean, a “Criança do Ano 2021” para a Time

Aos 11 anos, Orion Jean recebeu o título atribuído pela Time após ter doado mais de 100 mil refeições no âmbito do projecto Race to Kindness, que pretende incentivar as pessoas a serem bondosas e a ajudarem os outros.

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Orion Jean, de 11 anos, é a “Criança do Ano 2021” para a revista “Time” Time/DR

Responsável pela recolha e doação de milhares de refeições e de livros a famílias com dificuldades económicas em Fort Worth, no estado norte-americano do Texas, Orion Jean é “um exemplo de bondade e de liderança”. Aos 11 anos foi distinguido pela Time com o título “Criança do Ano 2021”.

Entre milhares de nomeados, Orion Jean, natural do Texas, foi o escolhido para suceder a Gitanjali Rao, a primeira Criança do Ano” para a Time, em 2020. Este “embaixador pela bondade” criou a Race to Kindness (Corrida à Bondade, numa tradução livre para português), uma iniciativa que une comunidades numa tentativa de ajudar pessoas com dificuldades económicas e para a qual se pode contribuir com doações monetárias e de determinados produtos, desde refeições a livros. Numa entrevista da Time à actriz norte-americana Angelina Jolie, o rapaz de 11 anos conta que a ideia nasceu no início da pandemia de covid-19, quando viu “as pessoas a perderem os empregos e o acesso a comida, a casas, e todas estas coisas essenciais”. Desde essa altura, Jean já conseguiu angariar e doar cerca de 100 mil refeições a famílias e oferecer 500 mil livros a crianças, fruto das inúmeras contribuições por parte da população.

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Capa da edição de 28 de Fevereiro e 7 de Março da Time Justin J Wee | Time

Para Edward Felsenthal, director executivo da Time, Orion Jean é a “personificação” de Criança do Ano 2021, pelo facto de “não só fazer grandes esforços para resolver problemas que vê no dia-a-dia, como insegurança alimentar e ausência de acesso a educação”, como também “inspirar outros para se juntarem a ele, juntando comunidades locais e governos para ajudarem quem mais precisa”.

“A corrida à bondade não é apenas uma série de eventos, mas também uma chamada para a acção. É uma forma de envolver pessoas nas comunidades. [Quando as pessoas] vêem algo a acontecer agora, podem sair para a rua e fazer algo sobre isso”, explica Orion Jean, na entrevista a Angelina Jolie. O rapaz, já é público, vai ser a capa da dupla edição da Time de 28 de Fevereiro e 7 de Março.

Mudar o mundo com bondade

Há dois anos, com apenas nove, Orion Jean participou no concurso Kindness Can Change a Nation — National Kindness Speech Contest, após ter sido aconselhado por uma professora. O menino, natural do Texas, venceu a competição e recebeu um prémio de 500 dólares (cerca de 440 euros), que acabou por ser utilizado para criar e financiar a Race to Kindness. “Eu sei que conseguimos mudar o mundo apenas por sermos bondosos”, afirma Jean no site do projecto.

Para começar “a mudar o mundo” lançou o Race to 500 Toys, projecto através do qual doou 619 brinquedos ao Hospital de Saúde da Criança de Texas. Desde aí surgiram outros, como o Race to 100,000 Meals, que levou à recolha e doação de mais de 100 mil refeições para “alimentar aqueles que mais precisam”. O mais recente foi o Race to 500,000 Books, nascido do amor de Jean por livros e literatura. Em 2021, Jean publicou A Kids Book about Leadership (Um Livro para Crianças sobre Liderança, numa tradução livre para português), livro que integra uma série literária da editora A Kids Company About e em que “explora o que significa ser um líder e salienta que este pode surgir em qualquer sítio e ser qualquer pessoa”.

O nome de Orion Jean tornou-se mais conhecido nos Estados Unidos em Outubro de 2021, quando foi convidado do The Ellen Show — apresentado, na altura, por Katy Perry —, para falar sobre a sua campanha e as impressionantes metas que alcançou. Para ajudar a “espalhar a bondade”, a cantora deu-lhe um cheque de 10 mil dólares (mais de 8700 euros). “Não só penso que vais ser um futuro líder, como pareces ser um líder agora”, disse Katy Perry a Jean.

“A bondade é uma escolha e, embora não possamos forçar os outros a serem bondosos, podemos nós próprios ser bondosos e esperar que [isso] inspire outras pessoas”, rematou Jean na entrevista dada a Angelina Jolie.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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