DGS admite fim do isolamento para casos positivos sem sintomas e uso de máscara só em alturas de maior risco

Hipóteses estão a ser estudadas, mas o aligeirar das medidas não deverá acontecer todo ao mesmo tempo e depende da evolução da pandemia, explicou Graça Freitas. Segundo comunicado do Conselho de Ministros, os testes rápidos de antigénio passam a ter uma validade de 24 horas

Foto
A directora-geral da Saúde está preocupada com a fraca adesão da vacinação das crianças Daniel Rocha

A directora-geral da Saúde admitiu esta quinta-feira que as pessoas que estejam infectadas mas sem sintomas da covid-19 possam vir a ser dispensadas de fazer isolamento. Esta questão, assim como a utilização da máscara apenas em alturas de maior risco, está a ser estudada pela comunidade científica. Em relação às vacinas, Graça Freitas referiu que o expectável que no futuro passe a ser “selectiva, sazonal e para grupos de risco”.

Sobre o fim do isolamento, a directora-geral da Saúde sublinhou: “É para os casos positivos. Para os doentes, não. Os doentes continuam a ter direito ao isolamento, estão no auge da transmissibilidade. Pode haver uma redução dos dias de isolamento e outras medidas para os contactos”, afirmou em entrevista à CNN Portugal. Graça Freitas disse, no entanto, que estava a ser “cautelosa” e que tudo isto será condicionado pela evolução da pandemia nos próximos dias e semanas. “Há um movimento europeu, liderado pelo Centro Europeu de Controlo e Doenças, e nós estamos alinhados com esse centro”, disse.

Sobre a utilização das máscaras, e realçando que não se devem aligeirar todas as medidas para controlo da pandemia ao mesmo tempo, Graça Freitas referiu que este uso pode ser reservado apenas a certas alturas. “Se houver um alívio da epidemia, podemos reservar, por exemplo, o uso das máscaras para uma altura em que estivermos outra vez a subir na sazonalidade”, disse.

Casa aberta para crianças

Graça Freitas afirmou que se tudo correr bem, Portugal, como outros países, vai passar a ter uma estratégia de vacinação contra a covid-19 “selectiva, sazonal e para grupos de risco”, tal como acontece com a gripe. “Provavelmente será este o panorama”, afirmou.

A directora-geral da Saúde explicou ainda que o perfil de vacinação é estudado em relação à probabilidade que uma pessoa que está vacinada tem de ter doença ou de morrer, quando comparada com uma pessoa que não está vacinada. “Vou dar um exemplo do grupo que mais nos aflige, que é muito vulnerável, dos 80 ou mais anos de idade. Em relação à hospitalização, quem tem a vacinação completa mais o reforço, tem uma probabilidade muito menor de ser internado. Um não vacinado tem uma probabilidade de ser internado de 27,2 vezes, um vacinado com duas doses de 10,6 e uma pessoa que tenha um reforço de cinco. Há uma diferença abismal nestes gráficos e isto ainda se verifica mais na probabilidade de morte, ainda é maior o impacto positivo da vacinação”, disse.

A responsável aproveitou o momento para apelar mais uma vez aos pais para vacinarem os filhos. O próximo fim-de-semana é novamente dedicado à vacinação das crianças entre os cinco e os 11 anos. “Uma recomendação de vacinação universal é baseada numa série de critérios muito ponderados a nível mundial, europeu e nacional”, afirmou Graça Freitas, preocupada com o facto de “poucos milhares de crianças” terem a vacinação agendada para este fim-de-semana. O PÚBLICO pediu à DGS dados exactos sobre quantas crianças estavam inscritas na vacinação mas não recebeu resposta até ao fecho desta edição.

Por isso as crianças entre os 5 e os 11 anos que ainda não tenham tomado qualquer dose poderão receber a vacina em regime de casa aberta este sábado e domingo, até às 13h00. A meio da tarde tinha sido alargada a modalidade de casa aberta para a dose de reforço para maiores de 18 anos.

Testes rápido com menos validade

O Conselho de Ministros também aprovou alterações a regras em vigor por causa da pandemia. Em comunicado, o Conselho de Ministros anunciou que o decreto-lei relativo ao certificado digital covid-19 passa a exigir que os testes rápidos de antigénio sejam efectuados nas 24 horas anteriores, em vez do actual prazo de 48 horas. Quantos aos testes PCR mantém-se a validade de 72 horas que já existia.

Questionado pelo PÚBLICO sobre a alteração da validade dos testes rápidos, o Ministério da Saúde explicou esta sexta-feira que “a alteração resulta da necessidade de adequação de regras nacionais a uma recomendação do Conselho da União Europeia para que haja uma abordagem coordenada que facilite a circulação segura durante a pandemia de COVID-19”. “Desta forma, garante-se uma uniformização de medidas dentro do espaço comunitário, assegurando que os que ainda não tenham completado o esquema vacinal contra a COVID-19 possam circular, mediante a apresentação de um teste PCR realizado nas 72 horas antes da viagem ou, em alternativa, de um Trag [teste rápido de antigénio] de uso profissional nas últimas 24 horas.”

A realização de um teste negativo continua a ser obrigatória para o acesso a determinados espaços, como estádios de futebol com mais de 5000 espectadores, mesmo para quem está vacinado. O mesmo acontece no caso de visitas a residentes em lares, em unidades de cuidados continuados ou a doentes internados em hospitais. O teste negativo é dispensado se já tiver a dose de reforço há mais de 14 dias.

Em relação à vacinação, o certificado digital covid-19 passa a atestar a conclusão da série de vacinação primária há mais de 14 dias e menos de 270 dias desde a última dose, com uma vacina, ou a dose de reforço. Mantêm-se as regras em relação ao certificado de recuperação. Com Lusa

Nota: notícia actualizada com informação do Ministério da Saúde

Sugerir correcção
Ler 8 comentários