Juiz dos EUA pede a tribunais britânicos e australianos que recolham depoimentos para o caso de André

O atraso no agendamento de uma data para o príncipe testemunhar sob juramento pode levar os advogados de Virginia Giuffre a pedir ao mesmo juiz que intervenha no assunto.

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André poderá ser julgado no final do ano Reuters/POOL

O príncipe André ainda não concordou com uma data para prestar o seu depoimento no processo de abuso sexual apresentado por Virginia Giuffre, de quem alegadamente abusou quando tinha 17 anos. A informação foi avançada pelo advogado de Giuffre, na segunda-feira, quando o juiz de Nova Iorque pediu formalmente aos tribunais internacionais que garantam o depoimento de outras testemunhas.

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O príncipe André ainda não concordou com uma data para prestar o seu depoimento no processo de abuso sexual apresentado por Virginia Giuffre, de quem alegadamente abusou quando tinha 17 anos. A informação foi avançada pelo advogado de Giuffre, na segunda-feira, quando o juiz de Nova Iorque pediu formalmente aos tribunais internacionais que garantam o depoimento de outras testemunhas.

O atraso no agendamento de uma data para o príncipe testemunhar sob juramento pode levar os advogados de Virginia Giuffre a pedir ao mesmo juiz que intervenha no assunto, acrescentou o advogado David Boies, que originalmente procurou agendar o depoimento para o passado dia 6 de Dezembro. Um advogado da equipa de defesa de André escusou-se a comentar o caso e fonte próxima do príncipe de Iorque, que falou sob condição de anonimato, disse que o depoimento de Giuffre também ainda não foi agendado. André concordou ter disponibilidade até ao final deste mês.

Este processo, aberto em Agosto, já custou ao príncipe a perda dos seus títulos militares, honoríficos reais e outras marcas de status como o tratamento por “sua alteza real”.

Quando André testemunhar, deverá enfrentar perguntas desconfortáveis ​sobre os seus laços com o financeiro norte-americano Jeffrey Epstein, um criminoso sexual condenado que morreu numa cela de prisão de Manhattan em Agosto de 2019, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual. A companheira de longa data de Epstein, Ghislaine Maxwell, outra amiga de André, foi condenada em Dezembro por atrair vítimas menores de idade para serem abusadas por Epstein.

Uma das jovens que Maxwell supostamente recrutou foi Virginia Giuffre, então uma adolescente, na área de Palm Beach, na Flórida, conhecida como Virginia Roberts. A mulher alega que foi traficada para ser abusada por André através de Epstein e Maxwell, e foi submetida a encontros sexuais indesejados com o duque de Iorque em Londres, Nova Iorque e na ilha particular de Epstein no Caribe.

André negou ter conhecido Giuffre, embora haja uma fotografia amplamente divulgada dele com o braço em volta da cintura da então rapariga e com Ghislaine Maxwell, atrás deles, sorridente.

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O príncipe André, Virginia e Ghislaine Maxwell em 2010 DR

À procura de testemunhos

Na segunda-feira, o juiz distrital dos EUA, Lewis Kaplan, assinou quatro pedidos para tribunais no Reino Unido e na Austrália, onde Virginia Giuffre e a sua família moram, pedindo assistência para obter depoimentos.

No Reino Unido, as partes procuram recolher o testemunho de Shukri Walker, uma mulher que supostamente viu André e a jovem juntos numa discoteca, há 20 anos; e de Robert Ashton Olney, que era um escudeiro real do príncipe. Na Austrália, os pedidos foram feitos para facilitar o depoimento do marido de Giuffre, Robert, e Judith Lightfoot, uma psicóloga que tratou a mulher.

Espera-se que o depoimento de André ocorra em sua casa, enquanto o de Giuffre pode acontecer por vídeo devido a dificuldades de viajar por causa da pandemia. “Fizemos tudo o que podíamos para agilizar, inclusive estando dispostos a ir a Londres para fazer o depoimento”, aponta o advogada David Boies, referindo-se ao futuro testemunho de André.

Espera-se que os tribunais britânicos e australianos honrem os pedidos de Kaplan, embora as testemunhas possam contestar os pedidos no tribunal.

Mark Stephens, advogado do escritório de advocacia Howard Kennedy, com sede em Londres, explica que os tribunais britânicos costumam cooperar quando há este tipo de pedido, o que permite que “os tribunais de um país ajudem a recolher provas para uso noutro país”. Stephens disse que se trata de uma prática “bastante rotineira”, especialmente em casos internacionais, mas também foi usada em casos individuais de alto perfil, incluindo um processo de difamação em Los Angeles movido contra Elon Musk pelo mergulhador britânico Vernon Unsworth.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Bárbara Wong