Negra e branca

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Bettmann/Getty Images

Em Um dias nas Corridas (1937) de Sam Wood, durante cinco minutos, os irmãos Marx cedem o palco a personagens que dançam e cantam. E que têm uma pele que é mais escura que a deles. Naquele intervalo, o cinema é o da cantora de jazz Ivie Anderson (1904-1949) que interpreta All God’s Chillun Got Rhythm (a câmara eleva-lhe o rosto), dos dançarinos e dançarinas de swing Willamae Ricker, Snookie Beasley, Ella Gibson, George Greenidge, Dot Miller, Johnny Innis, Norma Miller e Leon James. E de muitos figurantes, homens, mulheres, crianças. Júbilo e prazer confrontam-se contra tudo o que está fora de campo. Entretanto, Chico, Harpo e Groucho regressam à festa, conquistando, embora não totalmente, a cena. Até que alguém grita: “O xerife!” e é a debandada geral. Para fugirem à lei e à ordem, os três pintam a cara com graxa. Serão desmascarados, mas o xerife não lhes deitará a mão e, no filme, o fim será feliz. Não é tão certo que hoje pudessem passar incólumes, estão presos naquele e noutros filmes. Já a música parece mais livre. Como designá-la? Negra ou branca?

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