Tribunal canadiano atribui 74 milhões de euros aos familiares das vítimas do avião abatido pelo Irão

Há dois anos o Exército iraniano abateu, por engano, um avião comercial ucraniano, matando os 176 passageiros. Advogado de seis familiares quer penhora de bens iranianos no Canadá e noutros países.

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Destroços do avião comercial da Ukraine International Airlines abatido nas imediações de Teerão, em Janeiro de 2020 ABEDIN TAHERKENAREH/EPA

Um tribunal no Ontário, no Canadá, decidiu indemnizar em 170 milhões de dólares canadianos (cerca de 74,4 milhões de euros) os familiares de seis pessoas que morreram quando os Guardas da Revolução do Irão abateram, por engano, um avião comercial ucraniano, pouco depois de este ter descolado do Aeroporto Internacional Imam Khomeini, em Teerão, em Janeiro de 2020.

As 176 pessoas que se encontravam a bordo do avião da Ukraine International Airlines, com destino a Kiev, morreram, incluindo 55 cidadãos canadianos e 30 cidadãos com residência permanente no Canadá.

Mark Arnold, advogado dos seis familiares indemnizados pelo tribunal de Ontário, lembrou que aqueles perderam esposas, irmãos, filhos e sobrinhos que estavam no voo 752 da companhia aérea ucraniana. As pessoas em causa tinham intentado uma acção civil contra o Estado do Irão e contra alguns responsáveis iranianos.

O advogado quer agora que a Justiça canadiana penhore activos iranianos no Canadá e fora do país, incluindo navios petroleiros iranianos, de forma a garantir que as famílias das vítimas recebem aquilo que lhes é devido.

Segundo a CBC News, a acção judicial foi intentada por Shahin Moghaddam, Mehrzad Zarei e Ali Gorji e por outros queixosos, que optaram, no entanto por não revelar os seus nomes, por receios de represálias do Estado iraniano.

Uma equipa forense especial canadiana elaborou, no ano passado, um relatório que acusa o Irão de incompetência e de negligência, mas o Governo iraniano diz que o documento é “altamente politizado”, escreve a Reuters.

Mesmo concluindo que o abate do avião comercial ucraniano não foi premeditado, o relatório não retira responsabilidades às forças de segurança iranianas. Bem pelo contrário.

A República Islâmica admitiu que as suas unidades de defesa antiaérea dispararam um míssil contra o voo 752 da Ukrainian International Airlines ​pouco depois de este ter descolado de Teerão, e referiu ter-se tratado de um “erro humano desastroso”.

Mas lembra que no início de 2020, os Guardas da Revolução estavam em alerta máximo, devido ao risco de confronto com os Estados Unidos, e que, por isso, o avião foi confundido com um “alvo hostil”.

Dias antes, um drone norte-americano tinha assassinado, no Iraque, o general Qassem Soleimani, um dos homens fortes do ayatollah Ali Khamenei, e o grande estratego da política externa iraniana no Médio Oriente.

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