BE exige solução para reabrir urgências em Serpa de madrugada

O fecho das urgências do Hospital de São Paulo durante a madrugada por falta de médicos foi criticado pelo Bloco de Esquerda, que afirma que este é mais um episódio dos problemas que afectam o serviço.

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Urgências do Hospital de São Paulo em Serpa (Beja) encerradas das 00h00 às 08h00 Manuel Roberto

A distrital de Beja do Bloco de Esquerda (BE) exigiu do Governo, nesta terça-feira, “uma solução para o regular o funcionamento” das urgências do Hospital de Serpa, que estão encerradas durante a madrugada, desde segunda-feira.

Em comunicado, o BE exige essa solução ao Ministério da Saúde, à Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo e à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), "de imediato e “no quadro do Serviço Nacional de Saúde”.

Segundo a distrital bloquista, o encerramento das urgências do Hospital de São Paulo, em Serpa (Beja), durante a madrugada, das 00h00 às 08h00, “é o mais recente episódio de encerramentos intermitentes deste serviço”.

“Não se trata de uma situação isolada e pontual, nem a mesma está confinada ao serviço de Urgência”, e foi tomada “em prejuízo directo das populações dos concelhos de Serpa e Mértola e sobrecarregando a Urgência do Hospital de Beja, em plena pandemia”, criticou.

Este hospital alentejano, gerido pela Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS), “tem vindo a reduzir o número de camas” na unidade de reabilitação, “uma tendência preocupante que pode estender-se à unidade de cuidados paliativos, a única resposta de internamento nesta tipologia no Baixo Alentejo”, alertou o BE.

As urgências do Hospital de São Paulo foram encerradas esta segunda-feira, entre as 00h00 e as 08h00, por dificuldades em garantir médicos para assegurar as escalas, devido à pandemia de covid-19, disse à agência Lusa o provedor da SCMS, António Sargento.

O provedor acrescentou não ser possível prever por quanto tempo as urgências irão permanecer fechadas durante a madrugada, mas frisou que a SCMS e o conselho de administração do hospital “farão todos os esforços para inverter o mais rápido possível a situação” e reabrir o serviço.

A SCMS, a administração do hospital e o Estado Português, “que é parceiro” desta unidade hospitalar através do Ministério da Saúde e da ULSBA, tentaram “encontrar uma solução para a escala médica” da madrugada, mas não conseguiram “porque não há médicos”, referiu o provedor.

No comunicado, a distrital do Bloco de Esquerda considerou que “a falta de médicos e outros profissionais de saúde é um facto que se deve também às condições salariais e de trabalho, inferiores às praticadas no sector público da saúde”.

O BE argumentou ainda que a transferência do Hospital de São Paulo para a SCMS, a 1 de Janeiro de 2015, “foi uma decisão desastrosa do governo da troika e há muito devia ter sido revertida”, devendo esta unidade regressar ao Serviço Nacional de Saúde.

O encerramento das urgências do hospital no período da madrugada tem sido alvo de críticas, nos últimos dias, por parte da Câmara e da Assembleia Municipal de Serpa, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e do PCP.

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