Um Sporting-Casa Pia “inventado” por Amorim

“Leões” e “gansos” defrontam-se nesta quarta-feira, nos oitavos-de-final da Taça de Portugal. Se Amorim lançou bases para este novo Casa Pia, também foi ele quem criou este Sporting mais pujante, que até já foi campeão. Pelas 20h45, defrontam-se estas duas criações.

Foto
EPA/RODRIGO ANTUNES

Para perceber como é que Sporting e Casa Pia estarão nesta quarta-feira (20h45, TVI) em duelo na Taça de Portugal é preciso perceber de onde veio Rúben Amorim. Uma coisa sem a outra estará desprovida de nexo.

Em 2018, Rúben Amorim era um ex-jogador a iniciar a vida de treinador e o Casa Pia deu-lhe a mão, seduzido pelo know-how bebido como jogador de topo. À época, Amorim era apenas um técnico estagiário, tendo um colega como “testa de ferro” a nível burocrático. Mas era Amorim quem liderava tudo o que acontecia em Pina Manique, num clube que actuava na terceira divisão. O estatuto de estagiário no papel e treinador encartado na prática causaram multas e processos ao clube lisboeta e Amorim acabou por sair.

“Na despedida, o Rúben disse ‘vou embora porque não vos quero prejudicar’. Chorou muito, em frente a 20 homens. E nós todos chorámos também, a pedirmos para ele não ir embora”. O relato é de Abel Pereira, ex-jogador do Casa Pia que recordou em Maio, ao PÚBLICO, o dia da despedida.

Foi já em Braga que, no final dessa temporada, viu o seu “bebé” Casa Pia ser campeão e subir à II Liga. O que sabe a partir daí é que Amorim teve sucesso em Braga e no Sporting. E o que se sabe do Casa Pia que Amorim “inventou”?

Sabe-se que era um clube que, nos dez anos antes, nunca tinha saído da terceira divisão – em algumas temporadas, até houve ao barulho idas ao play-off de permanência. Sabe-se também que desde que Amorim lá esteve o clube somou uma subida à II Liga, patamar no qual cresceu pé ante pé: começou por sobreviver, depois foi ao top-10 e em 2021/22 está em plena luta pela subida à I Liga.

Não é injusto dizer que Rúben Amorim criou as bases desde Casa Pia e há relatos que o atestam. “Ele fez, por exemplo, algo que poucos treinadores fazem: no início do treino, havia sempre uma brincadeira. Sempre. Depois, mudava o “chip” e começava o trabalho a sério”, contou Abel Pereira, sobre o lado lúdico.

E apresentou também as mudanças no profissionalismo que cria ser necessário num clube de topo no contexto da terceira divisão: “No Casa Pia não tínhamos grandes regras. O Rúben chegou e mudou logo o treino para de manhã, quando só treinávamos às 18h30. Os jogadores por vezes chegavam às 18h15, mas ele pôs o treino às 10h e tínhamos de chegar às 9h. E nós nunca fazíamos gelo depois dos treinos, mas, com ele, era todos os dias”, afiançou.

Já nesta terça-feira, o actual treinador do Casa Pia, Filipe Martins, não teve problema em reconhecer o papel de Amorim no clube, mas garantiu que isso foi apenas a base para algo que, agora, está ainda melhor.

“Queremos demonstrar a qualidade e a organização desta equipa, mostrar um pouco aos adeptos do futebol o quanto o Casa Pia se transformou e mostrar mesmo ao Rúben que, desde que ele saiu, vai encontrar um clube muito mais evoluído do que o que deixou. O Rúben vai perceber que o Casa Pia é um clube com uma nova administração, que trouxe investimento e inovação ao clube. Vai chegar aqui e ficar orgulhoso por ver que o caminho está a ser feito com muito profissionalismo e dedicação”, realçou o técnico.

Se Amorim lançou bases para este novo Casa Pia, também foi ele quem criou este Sporting mais pujante, que até já foi campeão. Hoje, pelas 20h45, defrontam-se estas duas criações de Amorim.

Sugerir correcção
Comentar