A sofrer no início e no fim, Sporting segue em frente na Taça

“Leões” estiveram a perder em Pina Manique e jogaram os últimos 20 minutos com dez, mas triunfaram sobre o Casa Pia por 1-2 e seguiram para os quartos-de-final.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Foi há mais de 100 anos que Sporting e Casa Pia se defrontaram pela primeira vez, dois clubes ainda na sua infância, a tentar encontrar o seu espaço no mosaico desportivo de Lisboa e de Portugal. Seguiram caminhos diferentes. Um deles cresceu e tornou-se num dos clubes mais populares do país, o outro foi sobrevivendo, por vezes no limite da extinção, e já não se encontravam desde 1939. “Leões” e “gansos” voltaram a partilhar um relvado nesta quarta-feira, em jogo dos oitavos-de-final da Taça de Portugal, um jogo que acabou por ter mais histórias do que se pensava. O Casa Pia esteve a ganhar e obrigou o Sporting a aplicar-se a fundo para se qualificar, com um triunfo por 1-2.

Numa noite de chuva em Pina Manique, aconteceu um jogo com um sabor a história, mas que também pode ser uma janela para um futuro próximo. Não apenas por ser um reencontro após 82 anos, mas também porque este Casa Pia que dificultou e muito a vida do campeão nacional está bem dentro da luta para conseguir um lugar na I Liga (onde só esteve uma vez) da próxima época – segue em quarto lugar da II Liga, a dois pontos dos lugares de promoção. E, vendo a forma como se bateu perante o “leão”, não surpreende nada a posição desta equipa bem orientada por Filipe Martins.

Para além das narrativas de passado e futuro, também havia a conexão Rúben Amorim – o Casa Pia foi o seu primeiro emprego como treinador (estagiário), contribuindo para a subida do clube nessa mesma época. O técnico “leonino” deixou sementes de profissionalismo em Pina Manique (que deram frutos) e sabia o adversário que iria ter pela frente. Por isso avisou que os seus jogadores precisavam de ter fome para seguir em frente na Taça. Ou podia haver surpresas.

Desde o primeiro minuto percebeu-se uma intencionalidade ofensiva no Casa Pia, e um conhecimento de como poderia contrariar o Sporting. E isso conduziu à primeira grande surpresa da noite. Aos 8’, Palhinha e Inácio deram espaço a Derick Poloni na esquerda para o cruzamento e a bola foi direitinha para a cabeça de Jota Silva. O melhor marcador da II Liga antecipou-se a Coates e fez o 1-0, colocando toda a pressão do lado dos “leões”.

Não era uma noite inspirada para o Sporting em termos ofensivos, pelo que a solução, como tantas vezes acontece, veio da bola parada. Depois de várias aproximações perigosas, foi de canto que os “leões” chegaram ao empate. Pedro Gonçalves meteu a bola na área e pareceu ser Coates a encostar para a baliza de Lucas Paes, num lance dividido com Palhinha. Sem jogar bem, o Sporting controlava e puxava a eliminatória a seu favor, mas o jogo iria chegar ao intervalo com o resultado nivelado.

Para a segunda parte, Amorim deu outro peso ao ataque “leonino” com a entrada de Paulinho e o Sporting fez o cerco ao Casa Pia, havendo finalmente uma referência para os outros homens da frente (Sarabia e Pote) que andavam desaparecidos. Os “leões” não demoraram muito mais a completar a reviravolta. Numa combinação com os seus colegas da frente, Sarabia furou e rematou, acertando na barra, com a bola a cair para lá da linha de golo. O árbitro Rui Costa não tinha dado por nada, mas, aconselhado pelo VAR, deu o golo do espanhol como válido.

Com o comando do jogo e do resultado, o Sporting tinha tudo na mão para uma última meia-hora tranquila. Mas ainda haveria um suplemento de emoção, com a expulsão de Bruno Tabata aos 72’ após uma pisadela involuntária com os pitons do calcanhar sobre Jota – foi mais uma expulsão do brasileiro, depois de lhe ter acontecido o mesmo em Penafiel, para a Taça da Liga. O Casa Pia ainda tentou investir no ataque para forçar o prolongamento, mas o Sporting estava mais do que confortável a lidar com o atrevimento final dos “gansos”.

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