Uma festa para Selma no B.Leza: “Senti vontade de agradecer ao público a cantar”

A cantora e compositora moçambicana Selma Uamusse faz 40 anos no dia 24 de Dezembro mas celebra-os dia 16 às 21h com um concerto-festa no B.Leza. Na primeira parte, Mirza Lauchand.

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Selma Uamusse RAFAEL BEREZINSKI

Vai fazer 40 anos no dia 24, mas decidiu antecipar as comemorações com um concerto-festa no B.Leza, sala onde deu os primeiros passos para a sua bem-sucedida carreira a solo. Falamos de Selma Uamusse, cantora e compositora moçambicana que passou por muitos projectos musicais (WrayGunn, Nu Jazz Ensemble, Cacique 97, Sean Riley, Buraka, Rodrigo Leão) e concertos até lançar o primeiro álbum a solo, Mati (2018), a que se seguiu Liwoningo (2020), lançado já em plena pandemia. Depois de muitos palcos, volta agora ao do B.Leza, como diz ao PÚBLICO:

“O número redondo é mais uma razão para comemorar. E como faço anos a 24 de Dezembro, mesmo na véspera do Natal, habituei-me desde muito cedo a festejar com antecedência, porque se fizer a festa na consoada não tenho ninguém. Então, sempre gostei muito de juntar amigos, de celebrar, e como sempre tive a família longe, os amigos ganham ainda mais importância.”

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Selma na capa do seu mais recente disco e silhueta dessa imagem no cartaz do B.Leza

A forma como lhe correu este ano, 2021, contribuiu também para fazer este concerto: “Houve duas coisas que constatei ao longo desta pandemia. Dei quatro concertos em Lisboa, num ano, o que não é muito costume para o meu projecto, e todos esses concertos estiveram esgotados ou muito cheios, o que me leva a pensar que o público tem sido muito resiliente. Apesar das circunstâncias, das máscaras, das limitações, de não se poderem levantar, não poderem dançar, as pessoas têm permanecido. E senti vontade de agradecer ao público a cantar, a melhor forma que eu tenho.”

Podia tê-lo feito noutro lugar, mas o B.Leza foi para ela uma escolha óbvia: “É um sítio que me é muito querido. Apoiou-me muito, no início do meu percurso a solo, o Alcides Nascimento foi um dos principais responsáveis por eu abraçar mais a minha moçambicanidade. Além disso, no início, o B.Leza convidou-me para uma residência, onde fiz uma homenagem à Miriam Makeba, e depois fiz outra lá mostrando os meus temas a solo, durante um mês, no ano de 2014. O B.Leza foi um laboratório onde eu trabalhei muito à vontade, um laboratório que tem imensa história. Eu olhava para as paredes e via Cesária, via Tito [Paris], via Paulo Flores, via Bonga, e só pensava: eu venho para aqui fazer o quê?”

Entretanto, passaram-se anos e como ela não voltou a tocar lá, quis fazê-lo agora. “Nunca mais fiz um concerto a solo, enquanto Selma Uamusse, no B.Leza. E este é um exercício de gratidão, que os 40 anos me levam a fazer, não só perante o público, mas também perante um clube que tem abraçado a música lusófona de forma muito evidente.”

A primeira parte da noite está, por escolha de Selma, entregue a Mirza Lauchand, cantor que esteve este ano na ribalta devido à sua participação no concurso televisivo All Together Now, da TVI, lançando-se depois a solo com um EP, Híbrido Vol. 1. Nascido em Maputo, Moçambique, em 6 de Julho de 1986 e em Portugal desde 1998 (tinha então 12 anos), Mirza integrou os Faith Gospel Choir (agora Gospel Collective) e os Soul Gospel Project.

Selma justifica assim a sua escolha: “O Mirza é meu amigo de longa data, conhecemo-nos do gospel e decidiu lançar-se a solo no meio da pandemia. E é moçambicano. Tenho sempre no meu coração que a minha missão é dar a conhecer Moçambique pelas melhores razões, e o Mirza é uma grande razão para as pessoas conhecerem e gostarem de Moçambique. E para mim é especial amadrinhar o Mirza e convidá-lo a estar nesta festa de amigos. Acho que as pessoas vão gostar.”

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