DJ querem que techno de Berlim seja património mundial da UNESCO

Há uma campanha a decorrer para que a cena techno de Berlim seja reconhecida, pela UNESCO, como património mundial. DJ defendem que transformou a capital alemã e acreditam que representa um símbolo de liberdade.

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Marc Schulte, Pexels

Com medo de que o fenómeno da gentrificação e o agravar da pandemia de covid-19 silenciem de vez os clubes, os DJ techno de Berlim querem que a sua música e as célebres discotecas recebam o estatuto de património protegido pela UNESCO.

A capital alemã, conhecida por ser um grande destino mundial no que diz respeito à diversão nocturna, acolheu o techno nos anos 90, após a queda do muro. O género musical serviu como banda sonora para a reunificação e é, por isso, considerado a alma da cidade. Com receio de que a gentrificação e a covid-19 ponham em causa a sobrevivência das discotecas, o DJ Dr. Motte, de 61 anos, está a liderar a campanha Rave the Planet, que tem como objectivo pressionar as autoridades alemãs para que a cena techno de Berlim receba da UNESCO o estatuto de “património cultural imaterial”, como refere na sua página de Instagram.

“Isso significaria que o Governo e as autoridades teriam de ajudar a cultura a continuar. Significaria um acesso mais fácil ao dinheiro do Estado para apoio... Se tivéssemos esse estatuto, poderíamos apoiar os clubes com impostos mais baixos, e isso poderia afectar as leis do comércio”, justifica o produtor, responsável pelas primeiras festas de acid house, nos anos 80, em Berlim, à DJ Mag

A garantia de acesso a subsídios governamentais e a outras fontes de financiamento seria uma das vantagens do reconhecimento do techno enquanto património, além de assegurar a sobrevivência de clubes históricos como o Berghain ou o Tresor — segundo a Sky News, cerca de 100 clubes fecharam portas na última década.

“A protecção da UNESCO ajudaria muito a estabelecer o techno e a cultura dos clubes como uma força social legítima com valor histórico e digna de apoio governamental, e não apenas música de clube e drogas hedonistas e descartáveis”, sublinha Alan Oldham, DJ de Detroit a viver em Berlim, ao The Guardian.

Para o DJ e produtor Peter Kirn, o género musical faz parte da cidade: “Tornou-se um refúgio para as pessoas que são marginalizadas e há uma atracção natural por Berlim como um lugar mais permissivo, quando se vem de lugares que são menos permissivos.”

Texto editado por Amanda Ribeiro

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