Entre a natureza das vinhas e a pureza dos vinhos

Descobrir o vale do Lima é conhecer melhor a origem da casta loureiro. A proposta da Descubra Minho é fazê-lo a pedalar, entre as margens do rio e as vinhas da região, com paragem para prova no Solar de Merufe.

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O dia começa em Darque, de preferência com sol. Pedalar entre as vinhas e as margens do rio Lima é uma das propostas dos irmãos Costinha – o mesmo é dizer: da Descubra Minho – para conhecer melhor a história, a cultura e a paisagem da região. A primeira paragem do roteiro tem de tudo um pouco. Património, histórias e vinho: bem-vindos ao Solar de Merufe.

Ao chegar a Geraz do Lima, é junto à capela de Nossa Senhora dos Remédios que Jaime Riba, anfitrião da quinta, recebe os visitantes. Os registos mais antigos da capela datam do século XIV, quando as vinhas do Solar de Merufe pertenciam ao clero. Quem as cultivava, conta Jaime, eram os aldeões, cujas doações terão contribuído para edificar este lugar de culto. Jaime Riba faz a analogia de uma origem de contrastes e, ao mesmo tempo, indissociável na região: a cultura religiosa e a cultura do vinho. Talvez por isso, enquanto conta a história da quinta, refira mais do que uma vez, “O vinho é remédio”.

As vinhas da região acompanham as memórias de Jaime Riba. O vinho que o pai produzia era diferente dos demais – fazia-o “à maneira francesa”, explica. O aroma de que Jaime se recorda levou-o a “procurar a perfeição”.
Além do tinto de vinhão, o Solar de Merufe produz também um branco da casta loureiro. Ambos Considera-se um artesão do vinho, ele que mantém a forma clássica de produção numa adega tradicional. Produz dois vinhos – que “são só uva, nada mais”, garante –, um branco de loureiro e um tinto de vinhão.
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As vinhas da região acompanham as memórias de Jaime Riba. O vinho que o pai produzia era diferente dos demais – fazia-o “à maneira francesa”, explica. O aroma de que Jaime se recorda levou-o a “procurar a perfeição”.

“O vinho é cultura, não é negócio”

As vinhas da região acompanham as memórias de Jaime Riba, mas o vinho que o pai produzia, esse, era diferente dos demais – fazia-o “à maneira francesa”, explica. Isto é, deixava-o estagiar. O aroma e o sabor de que Jaime se recorda levaram-no a “procurar a perfeição”, diz, numa perspectiva de cultura de degustação e não propriamente de negócio.

“Desde sempre que faço vinho biológico, natural”, conta, acrescentando que o criticaram por isso. Considera-se um artesão do vinho, ele que mantém a forma clássica de produção numa adega tradicional. Produz dois vinhos – que “são só uva, nada mais”, garante –, um branco de loureiro e um tinto de vinhão.

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Como o Vinho Verde não tem de ser bebido no ano em que é produzido (embora ainda haja quem o defenda), Jaime deixa-os estagiar. Com calma. Como aprendeu com o seu pai. A quinta tem 7 hectares de vinha, e é debaixo de uma ramada que Jaime os explica, entrelaçando a história da propriedade com a evolução do modo de produção e os tipos de cultivo.

Agostinho Costinha acompanha a visita sem bicicleta, mas acaba por apoiar Jaime nas honras da casa. O passeio na quinta antecipa a prova de vinhos. Adiante haverá um piquenique, já no caminho. É uma parte importante dos passeios da Descubra Minho – e descobrir a região passa, pois, por tomar-lhe o gosto. No piquenique, os produtos são locais e, nos copos, não pode haver outro que não Vinho Verde.

Paisagem com notas de prova

Retoma-se o caminho, entre vinhas. Em Passagem, aldeia histórica junto ao Lima, o nome ganha sentido quando Agostinho Costinha faz a introdução: em tempos, um barco fazia ali a travessia de pessoas, animais e bens. Agostinho, nota-se, fala com paixão.

Mais do que guia de turismo activo, é um nativo da região, e criou a Descubra Minho com o irmão Filipe para mostrar o que tem de melhor a natureza do território. O “modo de degustação” é uma constante: mesmo quando não há comida ou bebida, saboreia-se a paisagem, com “notas de prova” de Agostinho.


Este artigo foi publicado no n.º 3 da revista Singular.

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