André Soares inspira publicação para que Portugal conheça melhor o Rococó

Arquitecto minhoto é o mote da nova publicação da Artis. O guia do Rococó em Portugal é apresentado este sábado, às 16h, no Mosteiro de Tibães, em Braga.

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O lançamento decorre no Mosteiro de Tibães Nelson Garrido

Quando se fala de rococó português é indissociável falar-se do nome de André Soares. O arquitecto setecentista é, pois, o mote da nova edição da revista do Artis  (Instituto de História de Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), apresentada este sábado, às 16 horas, no Mosteiro de Tibães, em Braga, na semana em que se assinalam os 301 anos desde o nascimento do autor minhoto.

Ao longo das 240 páginas que compõem a revista – edição comercial da Caleidoscópio - o nome de André Soares é uma constante. “Ele é o motivo da edição da revista. Três dos 22 artigos da revista são-lhe dedicados”, diz ao PÚBLICO Eduardo Pires de Oliveira, o maior especialista nacional da obra de André Soares e um dos editores da revista – a par de Joaquim Rodrigues dos Santos.

A edição começou a ser gizada em 2018, quando Eduardo Pires de Oliveira propôs ao Artis que a edição 8 e 9 da sua revista fosse dedicada ao rococó. Justificou a proposta com as comemorações dos 300 anos do nascimento e dos 250 anos da morte de André Soares, que se assinalaram respectivamente em 2019 e 2020.

A sugestão foi aceite pelo director da revista Vítor Serrão e, a partir daí, concebeu-se uma publicação que tinha o objectivo colocar um ponto final na falta de conhecimento que há em Portugal sobre o que é a arte rococó.

“O Rococó é um estilo ainda não completamente entendido no que à cultura artística portuguesa diz respeito […] Cumpre lembrar [...] que o Rococó foi um estilo deveras relevante, importando por isso desvendá-lo, revelá-lo, compará-lo e debatê-lo em conjunto [...]”, lê-se no editorial escrito pelo director e pelos dois editores da edição.

Eduardo Pires de Oliveira é autor de um dos artigos sobre André Soares. Analisa, no seu ensaio, o pensamento e as características do expoente máximo do rococó nacional. As conhecidas obras do Palácio Arquiepiscopal (circa 1744) – actualmente ocupado pela reitoria da Universidade do Minho e pela Biblioteca Pública de Braga –, Casa do Fresco (1751) – hoje no Bom Jesus do Monte -, e, mais tarde, o retábulo de Nossa Senhora do Rosário, na igreja do Mosteiro de São Domingos (1760), em Viana do Castelo, e o retábulo-mor da igreja do Mosteiro de Tibães (1756) são o ponto de partida para o investigador confirmar André Soares como “o arquitecto que revolucionou a arte religiosa à entrada da segunda metade do século XVII, fechando o ciclo do Barroco”.

Mas é na Casa do Fresco que Eduardo Pires de Oliveira identifica o ‘rococó soaresco na sua plenitude’, influenciado pelas gravuras de Augsburgo que o arquitecto poderá ter consultado em bibliotecas bracarenses.

No rol de ensaios ainda cabem mais referências a André Soares. Domingos Tavares traz um ensaio sobre a Capela de Santa Madalena, na Falperra, Maria da Conceição Borges de Sousa dedica o seu estudo a uma fonte com mesa em talha, da qual a autoria será do artista minhoto, e José Vieira Gomes analisa a geometria de três retábulos de André Soares.

Da arquitectura, à talha, ao azulejo até ao vestuário, a publicação da Artis é André Soares e o rococó nas suas mais variadas formas. “É o ponto de partida para se estudar o rococó e o barroco em Portugal”, diz Eduardo Pires de Oliveira.

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