Covid: Ordem dos Enfermeiros não recomenda vacinação universal de crianças entre os cinco e 11 anos

Ordem considera que o número baixo de casos graves nas crianças só justifica a vacinação naqueles que têm factores de risco associados.

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Agência Europeia dos Medicamentos recomendou a vacinação contra a covid-19 para os mais novoss Jose Fernandes

A Ordem dos Enfermeiros não recomenda a vacinação universal contra a covid-19 nas crianças entre os cinco e 11 anos, considerando que o número baixo de casos graves nas crianças só justifica a vacinação naqueles que têm factores de risco que já foram identificados para os jovens entre os 12 e os 17 anos. A posição da Ordem foi divulgada esta quinta-feira, pouco antes de a Agência Europeia dos Medicamentos (EMA) ter recomendado a imunização para os mais novos. A decisão da Direcção-Geral Saúde ainda não é conhecida.

“Resulta da literatura disponível até ao momento que, para a grande maioria das crianças na faixa etária ora em discussão, os benefícios de saúde individuais, oriundos da vacinação serão, provavelmente, limitados, pelo que a vacinação da totalidade das crianças saudáveis contra a covid-19 se afigura mais difícil quando se pondera o equilíbrio entre os riscos e os benefícios, mais complexo nesta faixa etária. De facto, se a covid-19 permanece uma doença, geralmente, leve em crianças e adultos vacinados, o benefício possível não sustenta a necessidade de vacinação de todas as crianças”, afirma a Ordem dos Enfermeiros (OE), depois de ter ouvido o colégio da especialidade em enfermagem de saúde infantil e pediátrica.

A OE afirma que existe um pequeno grupo de crianças e adolescentes com doenças crónicas que parecem ter um risco aumentado de doença grave, em caso de infecção, “e, como tal, teriam maior benefício com a vacinação”. São doenças que foram identificadas para a faixa etária entre os 12 e 15 anos e que foram estabelecidas pela Direcção-Geral Saúde como prioritárias para a vacinação.

Na mesma nota salienta-se que apesar das crianças entre os cinco e os 11 anos poderem ser infectadas e transmitir a covid-19, os dados científicos relevam que “a sua participação é menos importante do que a dos adultos”. “Acresce que a covid-19 é geralmente uma doença leve em crianças com menos de 2% das crianças sintomáticas a necessitarem de internamento hospitalar, variando a taxa de admissão de crianças em unidades de cuidados intensivos entre 2% e 13%.”

"Prudente” aguardar por mais dados

Para a OE, o número limitado de crianças incluídas em ensaios clínicos não permitiu detectar casos graves, nem benefícios que justifiquem a vacinação neste grupo. “Por tudo o que já foi referido anteriormente, considera a Ordem dos Enfermeiros que o benefício da vacinação para as crianças entre os cinco e os 11 anos não constitui, por si, fundamento bastante para o processo de decisão”, defende, considerando que a prioridade de vacinação deve ser dada os maiores de 18 anos.

Recordando a elevada taxa de vacinação entre os adultos, e que a evidência cientifica mostra que ao imunizar os adultos se reduz o risco de exposição de crianças e adolescentes, a OE conclui que é mais “prudente aguardar por uma maior e mais robusta evidência científica quando aos benefícios e efeitos a médio e longo prazo” antes de se tomar uma decisão sobre a vacinação universal deste grupo etário.

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