Das ondas que não vemos às bocas que dão fala: Nacera Belaza e Gaya de Medeiros no Alkantara

A coreógrafa e bailarina argelina trouxe a sua mais recente peça, L’Onde, ao São Luiz; a artista trans brasileira Gaya de Medeiros apresentou no D. Maria II Atlas a Boca, dueto com Ary Zara.

Foto
MARGAUX VENDASSI

Numa sala em blackout, intuímos fragmentos de um corpo em movimento no centro do palco, quando iluminados pela única luz, ténue. Pescoço, rosto e mãos desenhando pontos de luz circulares e cíclicos, ao som crescente de cantares femininos. Aos traços de um corpo agregam-se outros: cinco corpos vestidos de preto, enraizados no solo, desenham com os braços, o tronco e a cabeça esses movimentos circulares, numa escrita coreográfica que articula a repetição com as diferentes cadências, numa escuta do outro que deseja encontrar o comum nas singularidades de cada um. É L’Onde [A Onda], a mais recente obra de Nacera Belaza — a coreógrafa e bailarina autodidacta franco-argelina que criou a sua própria companhia há quase três décadas, e que já nos deslumbrara com Le Cri e Les Sentinelles, apresentados na edição 2011 do Festival Alkantara. De regresso ao festival, apresentou L'Onde em estreia nacional no São Luiz, em Lisboa.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Comentar