COP26. Mais de 100 países, Portugal incluído, prometem reduzir emissões de metano em 30% até 2030

O metano é um gás com poderoso efeito de estufa, muito superior ao dióxido de carbono. Segundo Ursula von der Leyen, é um dos gases que podem ser reduzidos mais rapidamente. Se objectivo for alcançado, reduzirá em pelo menos 0,2 graus celsius o aquecimento global até 2050 e evitará mais de 200 mil mortes prematuras.

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Gasoduto que transporta metano, na Califórnia, EUA Reuters/MIKE BLAKE

Mais de 100 países, incluindo Portugal, comprometeram-se esta terça-feira a reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, em comparação com 2020. A decisão foi anunciada em Glasgow, Reino Unido, onde decorre até dia 12 de Novembro a 26.ª cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP26).

O metano é um gás com poderoso efeito de estufa, muito superior ao mais mediático dióxido de carbono, e, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, um dos que podem ser reduzidos mais rapidamente.

“Reduzi-lo abrandaria imediatamente o aquecimento global”, disse Ursula von der Leyen, lembrando que o metano é responsável por cerca de 30% do aquecimento do planeta desde a revolução industrial.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, salientou também que o metano é “um dos gases com efeito de estufa mais poderosos”, salientando depois que os países signatários do compromisso representam 70% do PIB mundial.

“Hoje, os Estados Unidos, a União Europeia, e parceiros, lançaram formalmente o Global Methane Pledge (Compromisso Global do Metano), uma iniciativa para reduzir as emissões globais de metano e tornar possível o objectivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus celsius (acima dos valores médios da era pré-industrial). Um total de mais de 100 países, representando 70% da economia global e quase metade das emissões antropogénicas de metano, subscreveram agora o compromisso”, lê-se num comunicado do governo dos Estados Unidos.

Os Estados Unidos e a União Europeia já tinham anunciado em Setembro que estavam a trabalhar no acordo, ao qual se juntaram 103 países, entre estes o Brasil, o Canadá, a França, a Alemanha, a Indonésia, o México, a Nova Zelândia, a Arábia Saudita ou o Reino Unido.

Na nota, os Estados Unidos salientam que os países signatários não só se comprometem a reduzir as emissões de metano como a avançar para a utilização de melhores metodologias de inventário disponíveis para quantificar emissões de metano.

Menos 0,2 graus celsius até 2050

Os Estados Unidos e a União Europeia “também se orgulham de anunciar uma expansão significativa do apoio financeiro e técnico para apoiar a implementação do compromisso. Filantropos globais comprometeram-se com 328 milhões de dólares em financiamento para apoiar a implementação desde tipo de estratégias de mitigação do metano em todo o mundo.

O Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimento, e o Fundo Verde para o Clima comprometeram-se a apoiar o acordo através de assistência técnica e financiamento de projectos. A Agência Internacional de Energia servirá também como parceiro de implementação”, diz-se no comunicado.

De acordo com o documento, a concretização do Compromisso Global de Metano reduzirá em pelo menos 0,2 graus celsius o aquecimento global até 2050, “proporcionando uma base fundamental para os esforços globais de mitigação das alterações climáticas”.

Além disso, segundo a Avaliação Global do Metano da Coligação Clima e Ar Limpo (CCAC) e do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), atingir o objectivo de reduzir as emissões de metano evitaria mais de 200 mil mortes prematuras, centenas de milhares de idas a urgências hospitalares relacionadas com a asma, e mais de 20 milhões de toneladas de perdas de colheitas por ano até 2030.

O metano (CH4), emitido pela agricultura e pecuária, combustíveis fósseis e resíduos, é o segundo gás com efeito de estufa mais importante ligado à actividade humana depois do dióxido de carbono (CO2). Ainda que pouco falado, tem um efeito de aquecimento cerca de 29 vezes superior ao CO2 durante um período de 100 anos, e cerca de 82 vezes durante um período de 20 anos.

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