Gang que raptou missionários no Haiti pede 17 milhões pela sua libertação

No grupo há seis mulheres e quatro crianças. Desapareceram no sábado, quando foram levados de uma zona a 13km da capital.

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Protesto contra raptos na segunda-feira no Haiti RALPH TEDY EROL/Reuters

Um gang do Haiti que raptou um grupo de missionários – 16 americanos e um canadiano – está a pedir um resgate de 17 milhões de dólares (14,6 milhões de euros) pela sua libertação, segundo o diário norte-americano Wall Street Journal.

O ministro da Justiça, Liszt Quitel, disse que o FBI e a polícia do Haiti estão em contacto com os raptores e a procurar a libertação dos missionários raptados numa zona perto da capital, Port-au-Prince. As negociações com o grupo chamado 400 Mawozo pode demorar semanas, estimou Quitel.

O rapto ocorreu na área de Croix-des-Bouquets, a 13 km da capital, a mesma onde, em Abril, foram raptados cinco padres e duas freiras – e foram libertados no final desse mês. Os missionários da organização Christian Aid Ministries, com sede no Ohio, tinham visitado um orfanato no local quando foram capturados.

Quitel disse ao Wall Street Journal que foi pago um resgate pela libertação de dois destes padres.

Os raptos tornaram-se mais ousados e comuns no Haiti no meio de uma crise política e económica, com pelo menos 628 incidentes nos primeiros nove meses de 2021, de acordo com um relatório do Centro para Análise e Investigação de Direitos Humanos, uma organização não-governamental.

Na segunda-feira, os haitianos fizeram uma greve nacional para protestar contra o crime dos gangs e os raptos, que têm aumentado nos últimos anos e pioraram depois do assassínio, em Julho, do Presidente Jovenel Moïse.

As lojas reabriram entretanto nesta terça-feira, e os transportes públicos recomeçaram a circular, apesar de o sindicato dos trabalhadores dos transportes ter apelado a uma greve de duração indefinida. Os trabalhadores dos transportes são alvos frequentes dos raptos levados a cabo pelos gangs.

O FBI fez uma declaração na segunda-feira dizendo que está a participar nos esforços da Administração americana para que os envolvidos sejam libertados em segurança. Os seus elementos não estão, no entanto, encarregados directamente das negociações.

As vítimas dos raptos no Haiti raramente são estrangeiras. É mais habitual que sejam raptadas pessoas de classe média que não podem pagar guarda-costas mas que mesmo assim podem juntar algum dinheiro para um resgate, da família ou vendendo propriedade.

Nos oito primeiros meses de 2021, foram reportadas à polícia pelo menos 328 vítimas de sequestro, comparando com o total de 234 vítimas registadas em todo o ano de 2020, segundo um relatório publicado no mês passado pelo Gabinete Integrado das Nações Unidas no Haiti (BINUH).

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