Magazino despiu a alma e escreveu um livro: assim é ele, Ao Vivo, sem censura

Uma biografia honesta sobre a infância, a vida de DJ e a doença. Ao Vivo é apresentado esta quinta-feira, às 22h, no Lux, em Lisboa. As receitas das vendas revertem na totalidade para duas associações.

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Nuno Ferreira Santos

A provocação de um amigo instigou Luís Costa, conhecido como DJ Magazino, a escrever um livro de memórias: “Agora é que vais ter tempo para escrever um livro”, disse-lhe Rui Estêvão, radialista da Antena 3, quando o visitou num internamento. O DJ maturou a ideia durante “um ou dias dias” e decidiu que o amigo tinha razão.

Sabia que iria precisar de ajuda — previa “momentos em que não ia conseguir escrever, em que ia ficar mal” devido aos tratamentos para a leucemia que lhe foi diagnosticada em 2019 — e, por isso, chamou a jornalista Ana Ventura para escreverem Ao Vivo, o livro lançado esta quinta-feira, a quatro mãos.

Nele é partilhada uma vida: “Falo das minhas memórias, daquilo que achei relevante, inclusive de coisas das quais não me orgulho, para as pessoas perceberem que também passamos por momentos maus”, conta. “Falo de relações que tive com mulheres, falo sobre palcos, vida de estrada, sexo, drogas.”

Ao Vivo foi escrito após uma espécie de catarse, um momento de libertação. “Foi numa fase em que a leucemia atacou forte e as auxiliares de acção médica e enfermeiras começaram a dar-me banho e a lavar-me todo na cama. No início, senti-me violado. Liguei para a minha família e para o meu melhor amigo. Chorei muito. Depois percebi que aquilo me fez despir a alma.”

Uma aceitação da vulnerabilidade que o tornou “mais genuíno” e o fez decidir “contar tudo”, sem autocensura. “Desde o início, quando falei com a Ana, disse que não queria muito floreado. É o que é. E às vezes são pormenores sórdidos, especialmente na parte da luta”, desvenda. Outras são aventuras de uma vida com uma mala de discos às costas. E muitas pessoas pelo caminho, que, acredita, não se deverão chatear com as memórias partilhadas.

O livro divide-se em três partes: “O Luís”, onde são relatadas as origens do DJ; “O Magazino”, um retrato de 25 anos de carreira pelo mundo; e a terceira e última parte, “A Luta”, o diário de bordo de uma doença, da “luta pela vida”, feito a partir de uma descrição crua, que, pelo que tem percebido, tem “uma influência muito positiva nas pessoas”.

A apresentação do livro acontece esta quinta-feira, pelas 22 horas, no Lux, em Lisboa. As receitas do livro vão reverter, na totalidade, para duas associações: 50% para a Associação Portuguesa Contra a Leucemia; a outra metade para a Heal Me, que, refere Magazino, introduziu a terapia holística na sua vida e o ajudou a “mudar o mindset”. Foi essa terapia, garante, que o ajudou a ser “um gajo mesmo feliz”. “Tenho diariamente uma sentença de morte a pairar-me na cabeça. Qualquer dia posso morrer, é mesmo assim. E acordo feliz.” É este o Magazino que se abre num livro. Fora do palco mas ao vivo, sem censura.

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