Rui Moreira pede mais polícia nas ruas do Porto e videovigilância. “Alertámos que podia acontecer uma tragédia”

Presidente da Câmara do Porto lamenta morte de jovem de 23 anos esta madrugada e critica inacção do Governo. Falta de agentes da PSP é preocupante, diz

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Rui Moreira escreveu sobre a insegurança no Porto a António Costa, em Outubro de 2020. Mas não teve resposta Paulo Pimenta

O presidente da Câmara do Porto tem recebido um “conjunto preocupante de relatos” de moradores, preocupados com violência e desacatos em várias zonas da cidade, sobretudo durante a noite. “Alertámos que podia acontecer uma tragédia. E agora aconteceu mesmo”, disse ao PÚBLICO, comentando a morte de um jovem de 23 anos, esta madrugada, depois de uma agressão em frente a um bar na Rua Passos Manuel. 

O fenómeno, que se começou a notar após o desconfinamento, em 2020, levou Rui Moreira a escrever ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, em Outubro desse ano. E até a António Costa, algumas semanas depois. Mas nem uma nem outra carta tiveram qualquer resposta. A cidade estava a assistir à “concentração em áreas públicas de adolescentes e jovens com o objectivo de socialização acompanhada pelo consumo de álcool”, relatou ao primeiro-ministro, numa carta a que o PÚBLICO teve acesso. O caso, continuou, pedindo a intervenção do Governo, “representa um problema de ordem pública que poderá assumir proporções significativas”.

Os moradores, que contactam o autarca através da sua página de Facebook, relatam sobretudo casos de grupos com comportamentos violentos, frequentemente embriagados, existência de rixas e muito ruído. Por causa disso, a autarquia chegou a “entaipar” a zona das Virtudes. Mas apenas temporariamente. “A solução não pode ser entaipar a cidade.”

Para o autarca, recentemente eleito para o terceiro mandato, o fenómeno do botellón regressou em força após uma fase onde as pessoas foram obrigadas a estar fechadas. Com a interrupção, durante a pandemia, da “mediação” que o município tinha aplicado na zona da movida, a situação tornou-se “muito grave”.

A solução, defende Rui Moreira, tem de passar por meios humanos e tecnológicos. E os dois têm faltado, lamenta. “A Polícia de Segurança Pública não tem efectivos suficientes nem condições” para acompanhar a actividade da cidade e esse problema será maior no futuro: “Há falta de formação para compensar as reformas de agentes. O stock de agentes tem vindo a ser reduzido e vai continuar a ser reduzido.” Para contrabalançar isso, o autarca já pediu a Lisboa para instalar videovigilância na cidade. Resposta? Não teve.

“A polícia identificou o centro da cidade como epicentro de fenómeno de criminalidade que justifica a videovigilância. A câmara disponibiliza-se a pagar tudo e tem o centro de operações pronto. Estamos à espera de luz verde de Lisboa para avançar. Há uma inacção relativamente a esta matéria”

Rui Moreira diz não ter acesso a números sobre a criminalidade na cidade. Mas tem uma certeza: “A sensação de insegurança está patente. Isso preocupa-me mais do que as estatísticas.”

O jovem que foi agredido à porta de um bar na Baixa do Porto, na madrugada deste domingo, acabou por perder a vida no Hospital de Santo António onde foi assistido, segundo apurou o PÚBLICO junto de fontes policiais. O suspeito será de nacionalidade francesa e já foi, esta segunda-feira, presente a um juiz de instrução criminal, depois de ter sido detido pela PSP que comunicou o caso à Polícia Judiciária.

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