Futebolistas venezuelanas e australianas denunciam assédio e abusos sexuais

Acusações de um grupo de 24 atletas motivaram investigação do Ministério Público. FIFA instada a impedir que o treinador Kenneth Zseremeta e o preparador físico Williams Pino trabalhem no futebol feminino.

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Grupo de jogadoras denunciou ex-seleccionador de futebol feminino da Venezuela dr

Um grupo de 24 jogadoras da selecção de futebol da Venezuela acusou esta quarta-feira o antigo treinador Kenneth Zseremeta e o preparador físico Williams Pino de assédio sexual e abusos físicos e psicológicos, que, entretanto, já estão a ser investigados.

Pouco depois da denúncia das jogadoras, o Ministério Público anunciou uma investigação ao técnico, que trabalhou com as selecções femininas do país entre 2010 e 2017, e a Federação de Futebol da Venezuela solidarizou-se com as jogadoras.

"Estamos comprometidos em lutar pelo respeito da mulher no desporto. Como federação, apoiamo-las hoje e sempre”, refere o organismo numa mensagem divulgada na rede social Twitter.

Também através das redes sociais, o grupo de 24 jogadoras acusa Zseremeta de assédio e abusos entre 2013 e 2017, e diz ter tomado a decisão de denunciar para evitar que o técnico panamiano “faça mais vítimas no futebol feminino e no mundo”.

As jogadoras garantem que "entre o ano de 2013 e 2017 surgiram numerosas situações de assédio e abusos envolvendo Zseremeta, durante os treinos", que causaram “inúmeros traumas e problemas psicológicos”.

O texto faz também menção ao caso de uma futebolista que em 2020 admitiu publicamente ter sido abusada sexualmente pelo treinador desde os 14 anos, entre 2014 e 2017, que teve como cúmplice o preparador físico Williams Pino.

As futebolistas pedem à FIFA, às confederações e às federações que não permitam que o treinador continue “a fazer vida no futebol feminino” e deixam uma garantia: "Não nos calaremos, mas precisamos do apoio de todos para proteger as futebolistas e criar uma cultura onde estejamos a salvo".

Acusações de abusos também na Austrália

Também na Austrália, acusações da antiga internacional Lisa De Vanna, já retirada, levaram as autoridades a pronunciarem-se para garantir uma investigação sobre alegados abusos sexuais no futebol feminino.

Lisa De Vanna afirmou ter sido vítima de assédio sexual e “bullying” durante a carreira. Vanna reagiu a um “twitt” da norte-americana Megan Rapinoe sobre o comportamento do antigo treinador Paul Riley.

De Vanna, 36 anos, 150 vezes internacional, afirmou ter testemunhado abusos a jovens jogadoras, acusando as organizações de protegerem os prevaricadores.

“Tem que haver consequências, é preciso responsabilizar”, disse em entrevista à News Ltd.

“Tenho assistido e verificado problemas culturais a todos os níveis ao longo dos anos – tanto de homens como de mulheres – com as jovens a terem que demonstrar coragem, sabendo que não estão sozinhas”.

“Se fui sexualmente agredida? Sim. Fui ameaçada? Sim. Fui marginalizada? Sim. Se vi coisas que me deixaram desconfortável? Sim”, respondeu.

As autoridades reagiram e instaram De Vanna a agir formalmente, através dos canais próprios, de forma a ser iniciado um processo oficial.

Rhali Dobson, outra ex-futebolista, afirmou ter sido vítima de comportamentos predatórios por parte de futebolistas mais velhas.

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