Vitória de Tsitsipas sobre Murray pode deixar sequelas

O ex-número um mundial, que foi afastado do US Open na primeira ronda, declarou que perdeu o respeito pelo jovem grego.

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Andy Murray mostrou-se muito desapontado com Tsitsipas Reuters/Robert Deutsch

Foi um grande espectáculo aquele que Stefanos Tsitsipas e Andy Murray proporcionaram no Arthur Ashe Stadium, no primeiro dia do US Open. Apesar da diferença de idades, rankings e historial na prova, o equilíbrio foi constante e só ao fim de quase cinco horas é que Tsitsipas, 11 anos mais novo, prevaleceu. Mas não sem antes criar polémica, com paragens para assistência médica e, principalmente, uma ida à casa de banho de oito minutos no final do quarto set, que irritou Murray, que achou ter sido propositadamente demorada.

“Penso que ele é um jogador brilhante, óptimo para o ténis, mas não tenho tempo para estas coisas e perdi o respeito por ele”, afirmou Murray, depois de perder, por 2-6, 7-6 (9/7), 3-6, 6-3 e 6-4, ao fim de 4h49m — um dos 10 mais longos encontros na história do torneio. “Quando se disputa um encontro brutal como este, se se pára sete ou oito minutos, o corpo arrefece”, sublinhou o britânico, em conferência de imprensa.

O campeão do US Open de 2012, agora com 34 anos e 112.º no ranking, preferia ter falado mais sobre a sua brilhante exibição, depois do que passou nos últimos quatro anos, com duas operações à anca direita. 

Murray, que continua sem vencer um top 3 desde as ATP Finals de 2016, liderou por dois sets a um, cedeu somente três breaks e esteve fisicamente a par de Tsitsipas até ao derradeiro ponto. “Tenho dito nos últimos meses que sei que sou capaz de jogar este tipo de ténis e, esta noite, provei-o até um certo ponto. Joguei bem, mas estou muito desapontado depois de todas estas coisas. Muito desapontado”, frisou o escocês.

Já Tsitsipas mostrou-se tranquilo e pronto para dialogar com Murray. “Se há alguma coisa que ele me quer dizer, acho que devíamos conversar para perceber o que se passou de errado. Penso que não infringi nenhuma regra”, defendeu-se o grego de 23 anos, que lidera o ranking de encontros ganhos esta época, com 49 (em 63 disputados) e é terceiro na hierarquia mundial. Mas nunca foi além da terceira ronda no US Open.

Já na manhã desta terça-feira, Murray voltou ao assunto e publicou um tweet em que ironizava com o tempo que Tsitsipas levou a ir à casa de banho ser o dobro do que demorou Jeff Bezos a voar até ao espaço. Mas as queixas sobre as demoradas saídas do court do grego já vêm de trás, e Alexander Zverev passou pela mesma situação há duas semanas.

“Stefanos pode jogar muito bem sem ter que ir à lua e voltar durante um ‘toilet break’. Está a acontecer em todos os encontros, não é normal”, afirmou o número quatro do ranking, depois de derrotar Sam Querrey (78.º), por 6-4, 7-5 e 6-2. Zverev lidou bem com os fortes serviços do norte-americano, mas também com a polémica lançada por uma ex-namorada, que o acusa de violência doméstica. Este foi o 12.º encontro ganho consecutivamente por Zverev, depois de conquistar a medalha de ouro nos Jogos de Tóquio — onde derrotou Novak Djokovic — e o Masters 1000 de Cincinnati.

Em defesa de Tsitsipas veio Reilly Opelka, recordando as condições atmosféricas em Nova Iorque, com temperaturas acima dos 30 graus e 80% de humidade. “Bebemos e hidratamo-nos muito, temos que ir à casa de banho. Para trocar de meias, sapatos, palmilhas, calções, camisola, chapéu, demora cinco, seis minutos, sem contar com o tempo de ir e voltar ao court”, frisou Opelka, um dos vencedores no segundo dia da prova.

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