Aí vão três Voltas para Amaro e oito para a W52-FC Porto

Para a equipa portista, esta é a oitava Volta e a quinta já sob a “asa” do FC Porto. E só não nove – e consecutivas – porque Raúl Alarcón perdeu a de 2018, que “cairá no colo” de Jóni Brandão, à data a pedalar pelo Sporting-Tavira.

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LUSA/NUNO VEIGA
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Quando começa uma Volta a Portugal não há muito por onde inovar. Ciclistas vão pedalar e, no final, celebra alguém da W52-FC Porto. Neste domingo, a profecia confirmou-se e Amaro Antunes conquistou a prova portuguesa pela terceira vez – verá ratificado o triunfo em 2017, pela suspensão do vencedor Raúl Alarcón, e conquistou a corrida em 2020, na edição especial da prova. Assim que o triunfo de 2017 seja oficializado, igualará Joaquim Agostinho e Alves Barbosa, com três triunfos cada, e só Marco Chagas (quatro) e David Blanco (cinco) superam Amaro Antunes na história da Volta.

Para a equipa nortenha esta é a oitava Volta e a quinta já sob a “asa” do FC Porto. E só não nove – e consecutivas – porque Alarcón também perdeu a de 2018, que “cairá no colo” de Jóni Brandão, à data a pedalar pelo Sporting-Tavira.

O algarvio Amaro Antunes, de 30 anos, até nem venceu o contra-relógio da última etapa – não é sequer esse o seu “pelouro” –, mas conseguiu não gastar mais 43 segundos do que o especialista uruguaio Mauricio Moreira, da Efapel, que caiu neste “crono” numa fase em que até estava a fazer o melhor tempo e a colocar em perigo a amarela de Amaro Antunes. E dados os dez segundos de diferença no final é fácil apontar que se não fosse a queda a Volta teria mesmo caído para o uruguaio.

Depois do “crono” em Viseu, ganho por Rafael Reis (Efapel) – venceu quatro etapas na Volta –, o pódio da prova portuguesa ficou selado com Moreira em segundo lugar e Alejandro Marque (Tavira) em terceiro.

Olhando para o top-10, o domínio da W52-FC Porto e da Efapel é claro, com três corredores de cada uma entre os melhores. Nada de surpreendente, já que todos sabiam que seriam estas as duas equipas mais fortes em prova. No caso da Efapel há ainda o prazer de terem conquistado seis etapas na prova portuguesa e de levarem o vencedor da camisola dos pontos e da montanha.

“Estou arrepiado. Hoje de manhã fomos fazer umas voltas e todos os meus colegas diziam que seria possível vencer. Tivemos sempre confiança e estes homens merecem. Hoje houve momentos em que não tinha mais forças, mas pensava que o esforço deles merecia a recompensa. Chegar aqui e poder abrir os braços é incrível”, apontou Amaro Antunes, à RTP, após a corrida.

E deixou uma palavra a Mauricio Moreira. “Quero também dar uma palavra de apreço ao Mauricio Moreira, que teve um azar. Mas é também nos detalhes que se vence. Eu fiz aquela curva várias vezes. Passava, voltava para trás e voltava a fazer. É nestes detalhes que se vence”.

Moreira suspira também por aqueles 40 segundos

Apesar do desfecho previsível, esta Volta teve contornos mais incertos do que seria expectável.

A W52-FC Porto voltou a correr com um trio de líderes e esperar que Amaro Antunes, João Rodrigues e Jóni Brandão “decidissem” na estrada, nos primeiros dias, quem seria o chefe-de-fila. Mas aquela que é, geralmente, uma estratégia vencedora acabou por trazer, em 2021, alguma indefinição táctica.

Os efeitos dessa indefinição só não foram mais penalizadores porque, na Efapel, o cenário foi ainda mais confuso. Frederico Figueiredo e António Carvalho eram, por esta ordem, os líderes da equipa. Depois, vinha Mauricio Moreira num terceiro plano. O próprio director-desportivo chegou a dizer que Moreira não estava na Volta para vencer, o que se explicava pela falta de resultados interessantes do corredor de 26 anos.

Só no penúltimo dia de prova, na subida à Senhora da Graça, ficou claro para todos quem era o líder - e esse não era Figueiredo. Apesar de estar atrás do português na classificação, Mauricio Moreira sempre pareceu estar mais forte e, na etapa de Mondim de Basto, atacou e perseguiu o colega quando este seguia isolado, mostrando que a equipa não acreditava em Figueiredo, cuja falta de predicados no contra-relógio muito dificultariam o triunfo final.

Moreira não venceu, Figueiredo também não e António Carvalho muito menos. E passou-se mais um ano sem que a Efapel consiga superar a W52-FC Porto, ainda que essa meta tenha estado perto de acontecer.

Mauricio Moreira foi penalizado em 40 segundos pela organização, devido a um abastecimento irregular, e esse tempo de atraso teria sido suficiente para o uruguaio ter batido Amaro Antunes – ainda que seja difícil traçar este cenário como certo, já que, sem essa penalização a Moreira, a postura de Amaro também teria sido mais ofensiva nos últimos dias.

Voltando ao herói da prova, Amaro Antunes, este está a ser um regresso tremendo a Portugal. Depois de uma aventura no World Tour (correu o Giro e foi colega, entre outros, de Greg van Avermaet), o ciclista regressou a Portugal e já leva três Voltas no bolso – duas conquistadas na estrada e uma terceira, relativa a 2017, que lhe “cairá no colo” pela suspensão de Raúl Alarcón.

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