Em Cascais, jovens a partir dos 18 anos fazem fila para a vacina: “Quanto mais cedo, melhor”

Para o primeiro dia da vacinação, estavam marcadas 376 pessoas dos 18 aos 20 anos, concentradas no período da manhã. O número de marcações diárias nesta faixa etária vai continuar a aumentar.

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Na fila para a vacinação dos primeiros jovens a partir dos 18 anos, em Cascais, o sentimento era comum: uma vontade imensa de regressar à normalidade.

Para o primeiro dia, estavam marcadas 376 pessoas dos 18 aos 20 anos, concentradas no período da manhã, e pelas 8h30 já se formava a fila à entrada do Complexo Desportivo de Alcabideche, onde está instalado o centro de vacinação. “Nós achamos que estes jovens estão com muita vontade de fazer a sua vacina”, antecipou à agência Lusa Carla Ares, do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Cascais, contando que, durante a semana passada, quando o auto-agendamento para maiores de 18 anos esteve suspenso, receberam muitas pessoas dessa faixa etária que queriam marcar a toma da vacina.

Comparativamente aos adultos na faixa etária dos 30 anos, Carla Ares nota até uma maior disponibilidade entre os mais novos e na fila, que continuava a crescer desafiando a organização que rapidamente se adaptou, os próprios jovens confirmavam essa vontade.

A jovem fila, na manhã de segunda-feira, à entrada do Complexo Desportivo de Alcabideche. LUSA/ANTONIO COTRIM
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A jovem fila, na manhã de segunda-feira, à entrada do Complexo Desportivo de Alcabideche. LUSA/ANTONIO COTRIM

Quando o auto-agendamento ficou disponível a 28 de Julho, Nelson, de 20 anos, não quis esperar mais para marcar a 1.ª dose. “Acho que os jovens têm de ver isto como uma forma de não ficarmos proibidos como estivemos nos últimos dois anos, para terem aquilo que tivemos de sacrificar pelo bem da comunidade”, defendeu.

Já no interior do complexo desportivo, foi precisamente o desejo de reencontrar amigos sem as limitações actuais que ajudou Inês Lobo a ultrapassar o medo da agulha, o único factor que a fazia recear a vacina. A espera foi curta e, poucos minutos depois de chegar, a jovem de 20 anos já estava a entrar para um dos cubículos onde as vacinas são administradas. De lá, saiu com a 1.ª dose tomada.

“Queremos voltar à normalidade, não ter de nos preocupar com fazer ou não fazer testes”, sublinhou, em declarações à Lusa, enquanto esperava na zona onde é feito o recobro, cerca de 30 minutos, antes de poder ir embora. Segundo Inês Lobo, a grande maioria dos seus amigos e familiares também queria ser vacinada e incentivava as pessoas à sua volta a fazê-lo. Por isso, a jovem acredita que a hesitação entre as faixas etárias mais jovens será minoritária.

Quando o processo de vacinação se começou a aproximar dos 20 anos, levantaram-se preocupações relativamente à adesão das pessoas nessas idades, sobretudo depois de um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, divulgado no final de Junho, apontar que 14,3% dos jovens entre os 16 e os 25 anos ainda não tinha decidido se seria ou não vacinado.

Na opinião pública, o debate virou-se para as formas de motivar e incentivar a vacinação destes jovens, antecipando alguma resistência. “Se calhar, a generalização acaba por ser um bocado injusta, porque nós, mais do que nunca, queremos é fazer tudo normal, por isso, acho que a maioria quer fazer tudo para que isso aconteça”, sublinhou Inês.

Com a mesma opinião, Nelson também vê mais vantagens do que desvantagens na vacinação, não só de olhos postos no regresso à normalidade, mas também na protecção dos seus familiares mais velhos, e acredita que a maioria considera igualmente que compensa arriscar. Ao lado, a namorada Mariana concorda. “Quanto mais cedo levarmos a vacina, melhor”, defendeu a jovem de 19 anos que, por ser voluntária de um outro centro de vacinação no concelho de Cascais já ia nesta segunda-feira receber a 2.ª dose. “Havia muitos jovens que tinham medo, mas acho que aderiram muito bem porque viram que era necessário e importante”, acrescentou.

Do lado de quem gere aquele centro, essa percepção confirma-se e o primeiro dia da vacinação de maiores de 18 anos foi o “pontapé de saída”. “Penso que até ao início do ano lectivo vai haver adesão, porque tem sido uma faixa etária que tem sido muito penalizada”, antecipou Ana Marcelino, gestora dos centros de vacinação de Cascais.

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Depois do primeiro dia, com 376 jovens agendados, o número de marcações diárias nesta faixa etária vai continuar a aumentar e, a partir de quarta-feira, Ana Marcelino e Carla Ares prevêem que ultrapasse as mil. No fim-de-semana, é a vez das pessoas com 16 e 17 anos, que puderam realizar o auto-agendamento entre terça e sexta-feira. Em Cascais, não ficaram vagas disponíveis e, por isso, as duas responsáveis esperam mais de 1600 jovens em cada um dos dois dias.

O auto-agendamento para maiores de 18 voltou, entretanto, a estar disponível, depois de ter sido temporariamente suspenso para o agendamento dos mais novos. Quando abriu pela primeira vez, no final de Julho, a afluência foi tal que a plataforma esteve em baixo. 

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