Marisa Monte contra a negatividade

Contam-se dez anos desde que a cantautora brasileira tinha lançado o seu anterior álbum de originais. Gravado ao mesmo tempo que o mundo lida com uma pandemia, Portas é um álbum contra o desânimo.

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Elisa Mendes

Marisa Monte nunca foi de grandes gestos conceptuais. A sua discografia compõe-se sobretudo de álbuns que desenvolvem ideias sonoras, escavando sempre em torno da nevrálgica MPB. E é nesse processo de procurar o que mais pode encontrar nas proximidades que vai colhendo cacos de funk, soul, pop ou de um experimentalismo sóbrio que usa com notável propriedade para construir objectos cuja assinatura é intransmissível. A excepção a este método acidental terá sido a edição simultânea, em 2006, de Infinito Particular e Universo ao Meu Redor, bifurcação estética que enviava a sua natureza pop para o primeiro disco e divergia um reportório de samba, entre versões e originais, para o segundo. Ou seja, até mesmo no seu momento mais conceptual, eram as afinidades estilísticas das canções a ditar o retrato de família. Tem sido sempre assim. Depois de um primeiro álbum gravado ao vivo aos 21 anos e definido pelo eclectismo, no qual descobríamos (temas de) Tim Maia e Luiz Gonzaga posando ao lado dos irmãos Gershwin e de Kurt Weill, Mais (1991) iniciava uma colaboração com o produtor nova-iorquino (radicado no Brasil) Arto Lindsay e as cumplicidades autorais com Arnaldo Antunes e Nando Reis.

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