“Linhas vermelhas” covid-19: actividade epidémica com tendência decrescente em Portugal

Região Norte e Algarve contrariam a tendência decrescente do resto do país.

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Nuno Ferreira Santos

A actividade epidémica do novo coronavírus SARS-CoV-2 regista “tendência estável a decrescente”, apesar de ainda apresentar “elevada intensidade”, de acordo com o relatório de monitorização das “linhas vermelhas” para a covid-19, divulgado esta sexta-feira.

No documento da Direcção-Geral de Saúde (DGS) e do Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge (INSA), é referido, no entanto, que a actividade epidémica está em crescimento na região Norte e Alentejo. “Mesmo que a tendência decrescente se confirme nas próximas semanas, é esperada a continuação do aumento da pressão sobre os cuidados de saúde e da mortalidade nas próximas semanas”, realça.

Segundo o relatório, o número de casos de infecção por covid-19 observou uma tendência estável e decrescente, nos últimos 14 dias. “A 28 de Julho de 2021, a incidência cumulativa a 14 dias foi de 420 casos por 100.000 habitantes em Portugal, representando uma tendência estável a decrescente. A 24 de Julho ocorreu um máximo de notificação, com uma incidência cumulativa a 14 dias de 438 casos por 100.000 habitantes”, refere o documento.

Por seu lado, é verificado o aumento da incidência no Alentejo (320), com mais 21%, e a região do Algarve mantém os maiores valores de incidência (869), ainda que com uma redução de 11% em relação à última semana.

Como no último relatório, a taxa de incidência de infecções por covid-19, acumulada a 14 dias, é mais elevada entre os 20 e os 29 anos (969 casos por 100 mil habitantes) e nas pessoas com mais de 80 anos (158 casos por 100.000 habitantes). O crescimento de incidência nos idosos — mais 23% em relação à semana passada — poderá vir a traduzir-se, segundo as autoridades de saúde, no aumento de internamentos em enfermaria e mortes nas próximas semanas.

Também o R(t) apresenta uma tendência decrescente, indicando valores inferiores a um a nível nacional (0,98) e na maioria das regiões do continente, mas no Norte e no Alentejo o R(t) ainda se mantém acima de um, mantendo a tendência crescente.

“O número de reprodução efectivo, R(t), calculado por data de início de sintomas, para o período de 21 a 25 de Julho de 2021, foi de 0,98 a nível nacional, bem como no continente. Observou-se um valor de R(t) superior a um nas regiões Norte e Alentejo, indicando uma tendência ainda crescente da transmissibilidade e da incidência de infecção por SARS-CoV-2/ covid-19. No continente, o valor mais elevado do R(t) observou-se na região Alentejo (1,06)”, escreve o relatório.

Em comparação com o último documento, o valor médio do R(t) desceu em todas regiões, revelando desaceleração da transmissibilidade da infeção e nalgumas regiões uma alteração da tendência para decrescente. Na região Norte desceu de 1,16 para 1,02, na região Centro de 1,06 para 0,99, na região Lisboa e Vale do Tejo (LVT) de 1,01 para 0,94, na região do Alentejo de 1,11 para 1,06, e na região do Algarve, de 1,08 para 0,95.

“O limiar de 240 casos/100.000 habitantes na taxa de incidência acumulada a 14 dias já foi ultrapassado a nível nacional e nas regiões Norte, LVT, Alentejo e Algarve. O Algarve apresenta agora uma taxa de incidência acumulada a 14 dias de 869 casos por 100.000 habitantes”, salienta.

Já o número diário de casos em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente revelou uma tendência crescente, correspondendo a 82% (na semana passada foi de 70%) do valor crítico definido de 255 camas ocupadas.

De acordo com as autoridades de saúde, o maior número de internados observa-se actualmente na região de LVT, onde foi ultrapassado o limiar crítico regional definido, com 108 doentes internados em UCI, o que corresponde a 105% do limite regional de 103 camas em UCI definido no relatório “linhas vermelhas”.

“O grupo etário com maior número de casos de covid-19 internados em UCI corresponde ao grupo etário dos 40 aos 59 anos (85 casos neste grupo etário a 28/07/2021). Salienta-se o aumento mantido no grupo etário dos 60 aos 79 anos, aproximando-se do número de internados no grupo etário dos 40-59 anos”, acrescenta.

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