Há um novo êxito na Internet: Red Dress, de Sarah Brand. Uma música má ou uma experiência social?

Sarah Brand está a confundir a Internet com a sua última música, Red Dress, que rapidamente se tornou viral — não pelos melhores motivos. Será esta uma brincadeira, ou uma experiência social desenhada pela cantora?

Há três semanas, Sarah Brand, uma cara desconhecida no mundo da música, lançou o videoclipe da sua canção mais recente, Red Dress, filmado numa igreja em Oxford, Inglaterra. Em pouco tempo, a Internet delirou e o vídeo tornou-se viral, mas não pelas melhores razões.

A letra da música, que já foi ouvida por mais de meio milhão de pessoas, fala de luxúria e dos olhares que desaprovam, disfarçadamente, uma rapariga que usa um vestido vermelho numa igreja, e entra na “festa do diabo”.asta ouvir alguns segundos de Red Dress para perceber que a voz de Sarah Brand não é a mais afinada. De acordo com as reacções ao vídeo, Sarah canta, sem eufemismos, muito mal. “Esta é a música que toca num bar quando querem que todos vão para casa”, lê-se num dos comentários.

A música e o vídeo começam tão mal que despertam a curiosidade para o desastre que se poderá seguir quando chegarmos ao refrão. Para alguns, este fascínio é semelhante ao que existiu, há uma década, pela música Friday, de Rebecca Black, que conseguiu 150 milhões de visualizações com esta canção que celebra a chegada do fim-de-semana. “Nunca pensei ouvir uma música que fizesse a Friday da Rebecca Black parecer arte, mas aqui estamos", reage um espectador atento. Em 2021, para celebrar o décimo aniversário da música, Rebecca mostrou que não tem vergonha do tema, e lançou uma paródia sobre si mesma.

Mas regressemos a Sarah Brand. Esta podia ser apenas mais uma má música, que se tornou viral por ser engraçada. Mas há quem tenha estranhado o percurso da cantora: Sarah é aluna de mestrado em Sociologia na Universidade de Oxford. Será esta, questiona-se no Reddit, uma experiência social desenhada pela estudante? Uma provocação? Ou apenas uma brincadeira?

No mestrado, foca-se na ligação entre religião e política, e quer trazer esse cruzamento sociológico para a música pop. O seu perfil no LinkedIn também revela várias experiências de produção, realização e cinema, o que explica que tenha sido ela a realizar, produzir, coreografar e editar o videoclipe. No próprio site, a cantora descreve o seu estilo como “música pop preenchida por uma introspecção sociológica que toca em temas como a hipocrisia da religião, a desigualdade ou o amor".

Apesar da avalanche de reacções negativas, alguns dos ouvintes tornaram-se fãs de Sarah, sugerindo que esta é uma forma de música alternativa, não convencional. “O facto de ela não ter desactivado a secção de comentários torna-a mais corajosa do que todos nós.”