Tudo a todos, totalmente

Programa Cautelar é um objecto invulgar, que ainda assim, ou talvez por isso mesmo, é legível — e admirado — por uma larga maioria de pessoas.

Foto
Roberto Rossellini, ao centro, com Marcella de Marchis, a sua primeira esposa, à direita, e Isabella, filha de Roberto e Ingrid Bergman, durante a rodagem do filme "Blaise Pascal", em Roma, em 1971 Pictorial Parade/Getty Images

Depois de ter realizado alguns dos filmes mais importantes da história do cinema — entre os quais Viagem a Itália, disponível na FilmIn — Roberto Rossellini surpreende os jornalistas e a opinião pública ao declarar que o cinema estava morto e que se dedicaria daí em diante à televisão. Estamos em 1962, Itália conta com um número assustador de gente iletrada e Rossellini, a um primeiro olhar, encara a televisão como uma ferramenta de combate ao problema. Nos textos e entrevistas em que posteriormente veio a clarificar esta opção, o realizador refere com frequência o pedagogo morávio do século XVI Jan Amos Comenius. Este tinha a forte convicção de que era preciso ensinar omnibus omnes omnino — tudo a todos, totalmente — antevendo o conceito de educação universal. Comenius recomendava que a aprendizagem se desse ao longo de toda a vida — a panscholia — e promovia o ensino através do raciocínio lógico em lugar da memorização. Foi também quem primeiro sugeriu que nos manuais de estudo os conceitos e os aspectos da realidade fossem, sempre que possível, acompanhados de imagens ilustrativas.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 1 comentários