Governo colombiano diz ter conhecimento de novo plano de atentado contra o Presidente

Iván Duque já tinha sido alvo de um ataque contra o helicóptero onde seguia, no mês passado. Governo responsabiliza um capitão do Exército e dissidentes das FARC.

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Iván Duque tem enfrentado enormes protestos nas ruas colombianas nos últimos meses Luisa Gonzalez / Reuters

O Ministério da Defesa da Colômbia disse este sábado que teve conhecimento de um novo plano para assassinar o Presidente Iván Duque, depois de, no mês passado, já ter havido uma tentativa falhada de atentar contra a vida do chefe de Estado colombiano.

De acordo com o ministro da Defesa, Diego Molano, o Governo tem em seu poder informação proveniente da investigação que se iniciou na sequência do ataque contra Duque em Cúcuta, que revela que o capitão do Exército Nacional, Andrés Fernando Medina, conhecido como “El Capi”, acusado de participar nesse atentado, estaria envolvido noutra tentativa para assassinar o Presidente, desta vez em Bogotá, segundo o jornal El Tiempo.

O ministro diz que a informação existente no processo está relacionada com um conjunto de instruções e um mapa “encontrado às portas de Facatativá, no aeroporto de Bogotá”. O material já foi verificado pela polícia e pelas Forças Militares do país.

Depois da tentativa falhada de atentado em Cúcuta, na qual não houve feridos, pôs-se em marcha a criação do Comando Específico do Norte de Santander e do Plano Especial de Segurança para Cúcuta, liderado pelo Exército Nacional, com o objectivo de diminuir as ameaças na região.

A Polícia Nacional disse saber da “possibilidade” de outros atentados terroristas “especialmente contra a Força Pública e o Ministério Público”, entre os quais um ataque de drone contra a Operação Esparta, a unidade de elite da polícia, localizada em Tibú (Noroeste), para o qual “já se tinham comprado alguns aparelhos e estavam na fase de testes”.

O director da Polícia Nacional, o general Jorge Luis Vargas, disse que o planeamento destes atentados também estaria a ser organizado por Medina Rodríguez e por dez dissidentes da antiga guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que já foram detidos anteriormente pelo atentado contra o helicóptero de Duque e, dez dias antes, pelo ataque contra a Brigada 30 do Exército, em Cúcuta, no qual fizeram explodir um camião.

O Governo de Duque enfrenta desde Abril uma forte onda de contestação, motivada pelas medidas económicas planeadas pelo Executivo para fazer face à pandemia. Há três meses que colectivos de sindicatos, estudantes, indígenas e activistas sociais têm organizado grandes manifestações e bloqueios rodoviários em protesto contra o Governo, que tem respondido de forma dura com uma grande repressão policial, responsável por dezenas de mortos.

Para além da proposta de reforma fiscal, que serviu de rastilho para as manifestações, os protestos tornaram-se numa ampla contestação às políticas do Governo, nomeadamente a ausência de progressos na aplicação dos acordos de paz com as FARC, a falta de segurança para líderes de movimentos sociais, a corrupção e a grande desigualdade económica agravada na Colômbia pela pandemia.

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