Ginastas alemãs ponderam apresentar-se em Tóquio com fatos de corpo inteiro

“Queríamos mostrar que cada mulher, toda a gente, deveria decidir o que vestir”, explicou Elisabeth Seitz, que marca presença pela terceira vez nos Jogos Olímpicos.

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A equipa alemã vestiu os fatos de corpo inteiro nos Campeonatos Europeus, em Abril, num movimento que foi amplamente elogiado Reuters/Arnd Wiegmann

As ginastas alemãs estão a ponderar se pretendem usar fatos de corpo inteiro nas qualificações de domingo, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, depois de terem recebido elogios por o terem feito contra a sexualização da modalidade.

A equipa alemã usou unitards carmim — maiôs combinados com leggings até aos tornozelos — para o treino que realizou na quinta-feira, em vésperas de abertura dos Jogos de Tóquio, tendo informado que poderá optar por usar o mesmo tipo de roupa na competição.

“Queríamos mostrar que cada mulher, toda a gente, deveria decidir o que vestir”, explicou Elisabeth Seitz, que marca presença pela terceira vez nos Jogos Olímpicos.

Nos últimos anos, o desporto, e a ginástica em particular, tem sido abalado por casos de abuso sexual e físico, o que originou uma profunda introspecção e a introdução de novos protocolos de segurança destinados a proteger atletas.

A equipa alemã vestiu os fatos de corpo inteiro nos Campeonatos Europeus, em Abril, num movimento que foi amplamente elogiado.

“Isso não significa que já não queiramos usar o maiô normal”, disse Elisabeth Seitz,​ de 27 anos. “É uma decisão dia após dia, baseada em como nos sentimos e no que queremos. No dia da competição, decidiremos o que vestir”.

Para as mulheres, o fato de competição normal é um maiô de meia manga, sendo permitida ausência de mangas. Já as roupas que cobrem as pernas são permitidas pelo manual de ginástica em competições internacionais, mas até à data têm sido utilizados quase exclusivamente por razões religiosas.

“Os treinadores também apoiaram”, disse Sarah Voss, de 21 anos. “Disseram que querem que nos sintamos o mais confiantes e confortáveis em qualquer situação.”

Kim Bui, que também competiu nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e de Londres, disse que a escolha de moda da equipa era tão confortável como um maiô tradicional.

“Também treinamos em collants, por isso estamos habituadas à sensação”, disse a ginasta, de 32 anos. “Não é assim tão diferente entre competição ou treino. É confortável e isso é o mais importante.”

Os uniformes desportivos das mulheres têm dado que falar nos últimos dias: primeiro, foi a atleta paralímpica Olivia Breen que denunciou o facto de uma oficial de pista do campeonato inglês de atletismo, que incluiu provas do campeonato de atletismo para deficientes, ter criticado os seus calções por serem “demasiado curtos e inapropriados”; depois, foi conhecida a decisão da Comissão Disciplinar de Andebol de Praia do Euro 2021 de multar a selecção da Noruega em 1500 euros por as jogadoras se terem apresentado com vestuário impróprio”, ou seja, calções mais compridos.

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