Violência na África do Sul já causou 72 mortes

Polícia deteve mais de 1700 pessoas nos distúrbios desencadeados pela prisão do ex-Presidente Jacob Zuma. Tumultos alastraram às províncias do Cabo do Norte e Mpumalanga.

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As chamas consomem um centro comercial em Pietermaritzburg SIBONELO ZUNGU/Reuters
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Residente armado procura saqueadores num supermercado de Durban KIERRAN ALLEN/Reuters
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Patrulha policial no Soweto KIM LUDBROOK/EPA

Pelo menos 72 pessoas morreram nos distúrbios violentos, saques e intimidação desencadeados na África do Sul pela prisão do ex-Presidente Jacob Zuma e que se intensificaram nas últimas horas, divulgou a Polícia sul-africana.

De acordo com a ministra interina da Presidência, Khumbudzo Ntshavheni, mais de 1700 pessoas já foram detidas nas províncias de Gauteng e de KwaZulu-Natal, sendo que esta última, de onde Zuma é originário, continua a ser o epicentro dos tumultos, com 156 incidentes de pilhagens e violência pública que redundaram em 1068 detenções.

A ministra não actualizou o número de mortes que no início da manhã o Comando Nacional Operacional e de Inteligência Conjunto (NATJOINTS, na sigla em inglês)​, em comunicado, tinha informado ser de 72 mortos.

O que a ministra actualizou foi o número de militares mobilizados para tentar ajudar a polícia a manter a segurança. Desde segunda-feira, quando 2500 foram enviados para as ruas, o contingente já duplicou e são agora 5000 soldados. 

"Os agentes da polícia, apoiados pelos militares, estão a trabalhar incansavelmente para assegurar que o país regressa à paz e à estabilidade e que os responsáveis pela instabilidade são apresentados rapidamente à justiça”, disse Ntshavheni, citado pelo Mail & Guardian.

Os tumultos alastraram-se na noite de terça-feira às províncias do Cabo do Norte e Mpumalanga, que faz fronteira com Moçambique e Eswatini (antiga Suazilândia), avançou o portal sul-africano News24.

Uma esquadra da polícia em Matsulu, província de Mpumalanga, onde se encontrava uma pessoa sob custódia, foi saqueada e posteriormente destruída, relatou o portal, acrescentando que as autoridades registaram também dois incidentes em Galeshewe, no Cabo do Norte, onde foi detida uma pessoa.

Devido às acções de violência armada, pilhagens, intimidação e bloqueio das vias de abastecimento a partir da estratégica província oriental do KwaZulu-Natal, no litoral do país, a empresa Refinarias Sul-Africanas de Petróleo Shell e BP (SAPREF, na sigla em inglês) anunciou o encerramento da refinaria na cidade portuária de Durban por causa da actual situação de insegurança no país.

“Devido aos distúrbios civis no país e à interrupção das rotas de abastecimento dentro e fora dos KwaZulu-Natal, os fornecedores de materiais críticos para as operações da SAPREF comunicaram a suspensão das entregas à refinaria por motivo de segurança dos seus funcionários e danos à sua frota de veículos de transporte na via pública”, explicou a empresa.

“Sem os referidos materiais e sem haver clareza sobre quanto tempo durarão os motins e a retomada normal do abastecimento, a SAPREF não consegue manter as operações da refinaria. Consequentemente, foi obrigada a tomar a difícil decisão de encerrar a refinaria”, adiantou.

Em Joanesburgo, a procura de combustível originou longas filas nas bombas de gasolina, constatou a Lusa no subúrbio de Bryanston, no norte da capital económica do país.

Os residentes locais também faziam fila no SPAR, uma das quatro grandes superfícies comerciais que serve esta área residencial, onde muitas prateleiras se encontravam já vazias no final do dia.

Pelo menos 200 centros comerciais foram pilhados desde quinta-feira na África do Sul, relatou a imprensa local, após Jacob Zuma se ter entregado na noite da passada quarta-feira às autoridades para cumprir uma pena de 15 meses de prisão por desrespeito a uma ordem do Tribunal Constitucional, a mais alta instância judicial do país.

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