Advogado fala em “amargura” de Vieira e adianta que pondera retomar funções

Magalhães e Silva explica que a OPA visava introduzir na SAD “um modelo de gestão semelhante ao do Bayern de Munique”.

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Magalhães e Silva, advogado de Luís Filipe Vieira LUSA/MANNUEL DE ALMEIDA

O advogado de Luís Filipe Vieira afirmou nesta segunda-feira que o seu constituinte “está a ponderar” retomar as funções como presidente do Benfica e que se mostrou “amargurado” quando soube que Rui Costa tinha assumido a presidência do clube.

Em entrevista à TVI, Manuel Magalhães e Silva referiu que Luís Filipe Vieira só soube que o vice-presidente tinha assumido a liderança do clube e da SAD no sábado, após o interrogatório no âmbito do processo Cartão Vermelho.

“Só soube na tarde de sábado. Disse-lhe no final do interrogatório e a exclamação dele foi: ‘Fizeram isso?’, com um ar de amargura. Não disse mais nada. A conversa acabou aí. Deixei-o estar um bom tempo sossegado, para ele digerir aquela situação”, revelou o causídico.

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, suspendeu funções, tendo sido substituído pelo até então “vice” Rui Costa, e ficou em prisão domiciliária até ao pagamento de uma caução de três milhões de euros, por suspeita de vários crimes económico-financeiros.

Depois de ter anunciado a suspensão de funções “como presidente do Sport Lisboa e Benfica, bem como de todas as participadas do clube”, a direcção do Benfica reuniu-se e o vice-presidente Rui Costa acabou por assumir a presidência do clube, bem como a liderança da SAD “encarnada”.

Ainda assim, na entrevista à TVI, Magalhães e Silva afirmou que Vieira está a ponderar retomar o exercício das funções como presidente do clube da Luz, cargo que ocupava desde 2003.

“É uma coisa que ele está a ponderar. Ele suspendeu as suas funções como presidente e, como suspendeu, quando quiser retomá-las, nada o impede de o fazer. É algo que está a ponderar e será ele que terá de decidir isso”, informou.

Por outro lado, Manuel Magalhães e Silva explicou qual o objectivo da oferta pública de aquisição (OPA) voluntária e parcial de até 6.455.434 acções emitidas pela SAD do Benfica no ano passado, e que acabou por ser rejeitada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que considerou a operação ilegal.

“Passava por realizar no Benfica um modelo de gestão semelhante ao do Bayern de Munique. O Benfica teria a maioria do capital, escolhendo dois ou três grandes investidores que servissem quase como uma guarda pretoriana do Benfica para defender a SAD e o capital da SAD. Havia contactos com dois investidores, um deles uma grande seguradora internacional. No entanto, isto não foi bem feito do ponto de vista técnico-jurídico e, muito compreensivelmente, a CMVM chumbou essa operação”, observou.

E prosseguiu com a explicação: “Há um contrato-promessa entre José António dos Santos, que foi comprando acções do Benfica para esse efeito, e o homem [John Textor] que está com negociações quase concluídas para comprar o Crystal Palace e que tem a maior cadeia de streaming e eventos desportivos nos Estados Unidos. Queria entrar no capital do Benfica, para trazer toda essa tecnologia, e dá-se a possibilidade de ele comprar até 25% desse capital até 31 de Outubro deste ano. Ele dá como sinal um milhão de euros. Não há mais nada além disso. Não há venda de acções nem lucro de coisa alguma.”

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