Luís Filipe Vieira suspende funções no Benfica. Direcção em reunião de emergência

Presidente do clube não apresentou a demissão. Rui Costa é o mais sério candidato a ocupar o cargo.

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Luís Filipe Vieira, presidente do SL Benfica Miguel A. Lopes/LUSA

O actual presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, decidiu suspender as funções que exerce no clube, na sequência da investigação de que está a ser alvo, por suspeita da prática de diversos crimes. A comunicação foi feita aos jornalistas, nesta sexta-feira, pelo advogado do dirigente.

“O Benfica está primeiro. Perante os eventos dos últimos dias, no âmbito da Operação Cartão Vermelho, em que sou directamente visado, e enquanto o inquérito em curso puder constituir um factor de perturbação, suspendo com efeitos imediatos o exercício das minhas funções como presidente do Benfica, bem como de todas as participadas do clube. Apelo a todos os benfiquistas para que se mantenham serenos na defesa do bom nome da grande instituição que é o Benfica”, leu Magalhães e Silva.

O PÚBLICO apurou que, após este comunicado de Vieira, a direcção do Benfica vai reunir-se novamente – à semelhança do que fez após a detenção do dirigente – para decidir os próximos passos. 

Esta suspensão de funções de Vieira é um cenário que dá mais força à possibilidade de Rui Costa, na qualidade de primeiro vice-presidente da direcção, poder vir a assumir temporariamente o cargo, à luz do que estipula o artigo 62.º dos estatutos do clube: “Compete ao presidente da direcção convocar e presidir às reuniões da direcção sendo, nas suas faltas e impedimentos, substituído pelo vice-presidente, designado nos termos da alínea a) do n.º 3 do Artigo 61.º”.

O presidente do Benfica, o filho Tiago Vieira e dois empresários da confiança do dirigente desportivo, José António dos Santos, conhecido como o “rei dos frangos”, e Bruno Macedo, encarregue da intermediação do regresso de Jorge Jesus ao clube da Luz, foram detidos esta quarta-feira, no âmbito da Operação Cartão Vermelho. O dirigente das “águias” é suspeito de ter montado um esquema para desviar dinheiro do clube da Luz. Estas verbas seriam, posteriormente, usadas nos negócios pessoais de Vieira.

Segundo o Ministério Público, a operação pública de aquisição (OPA) a 25% do capital social da SAD “encarnada”, lançada em finais de 2019 e que acabou por não ser autorizada, seria uma forma de Luís Filipe Vieira recompensar José António dos Santos, fundador do maior grupo do sector agro-alimentar em Portugal e amigo do presidente do clube da Luz, pelos 44,7 milhões de euros investidos em negócios realizados por empresas ligadas ao presidente das “águias”.

De acordo com o MP, esta acção seria replicada também nas comissões das transferências de jogadores, com recursos a sociedades instrumentais e contratos forjados. No centro destes alegados esquemas está Bruno Geraldes de Macedo, advogado e agente de jogadores. O Ministério Público diz que o empresário aumentava indevidamente as comissões inerentes à venda de jogadores, que depois reverteriam para as empresas do universo de Luís Filipe Vieira, para onde terão sido desviados quase 2,5 milhões de euros.

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