Depois de um ano em pousio, o Rodellus volta com concertos em locais secretos e inusitados

À sexta edição, o festival chama os participantes à desbrava de caminhos e locais que contam a história de Ruílhe, freguesia a dez quilómetros de Braga. O Rodellus deste ano distribui-se por três datas com alinhamentos distintos e, apesar do formato diferente das outras edições, continua a ser para quem não tem “medo do campo”.

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Seria “muito mais fácil” fazer isto na cidade, onde há mais palcos, mais espaço e os acessos são outros. Mas também não seria a mesma coisa — nem isso faria sentido para o Rodellus, o festival de música que em 2015 se atirou à complicada tarefa de “trazer pessoas para a ruralidade” e que, desde então, as desafia a “não ter medo do campo”. A partir de Ruílhe, “uma freguesia muito pequena com 1200 habitantes” a dez quilómetros de Braga, localiza Hernâni Silva, o Rodellus parece ter ajudado festivaleiros a superarem “o estigma” associado “ao campo”.

O director do certame, que diz só ter saído de Ruílhe “para ir para a universidade”, conta ao PÚBLICO que o festival surgiu para contribuir “para a dinamização económica da zona” em que se insere, mas também para fazer a cultura brotar no território. A ideia de ali se organizar um festival de música surgiu à mesa de um café, mas rapidamente se materializou — primeiro com o apoio de uma associação da freguesia e, mais recentemente, a partir da Rodellus - Associação Cultural, a que Hernâni Silva preside.

Ao mesmo tempo, o evento traz “correntes urbanas para o campo”. Essa troca de experiências está ainda mais vincada na edição deste ano do Rodellus, adaptada às condições a que a pandemia obriga. No lugar de três ou mais dias de música seguidos na Quinta da Vila, entre as vinhas, os campos de milho e os girassóis, surge uma proposta diferente: o festival divide-se, agora, “por três fins-de-semana com três sessões e alinhamentos distintos”, lê-se em comunicado.

A sexta edição do certame arranca a 24 de Julho com David Bruno e Hause Plants, mas os bilhetes para este dia já estão esgotados. “E há poucos bilhetes” para as restantes datas, avisa Hernâni Silva. A 31 de Julho, é a vez dos The Twist Connection e dos Grand Sun se fazerem ouvir em Ruílhe; seguem-se-lhes, a 7 de Agosto, os Black Bombaim e Krypto. Os concertos, com um número limitado de lugares, iniciam às 17h e terminam por volta das 20h. As entradas têm o custo de oito euros.

Só não se sabe mesmo onde ficará o palco a que subirão os artistas em cada sessão. A organização não se esqueceu desse pormenor; antes, quis que a localização dos concertos para cada data fosse secreta. Para a descobrirem, os festivaleiros terão de se encontrar com um guia “num ponto de encontro”. A partir daí, passarão por “locais inusitados e espaços que contam alguma da história” de Ruílhe até chegar ao recinto. Uma vez que cada sessão decorrerá em sítios diferentes, também os passeios o serão. É por essa razão que, este ano, o lema do certame é “À desbrava” — é mesmo para explorar o que não se conhece.

Habituada a ter “20 e tal bandas por dia” nas edições passadas, a organização viu-se em trabalhos para adaptar o festival ao formato que este ano é apresentado: “Foi uma edição muito bem pensada, até porque tivemos muito tempo para isso porque, no ano passado, [o Rodellus] foi adiado. Mas é muito complicado fazer uma coisa tão reduzida”. Ainda assim, e sem a possibilidade de receber tanta gente quanto gostaria, o director do festival adianta que os concertos serão gravados para, posteriormente, serem partilhados.

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