A mudança começa na nossa rua

Em muitos concelhos, a minha geração não encontra respostas para os seus problemas nos candidatos que são apresentados. Por isso, chegou o momento de sermos nós a assumir e de concretizarmos a mudança que queremos ver nas nossas comunidades.

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Nuno Ferreira Santos

“Sitting on a sofa on a Sunday afternoon/ Going to the candidates’ debate/ Laugh about it, shout about it/ When you've got to choose / Every way you look at this you lose.”

Este é um excerto da música Mrs. Robinson composta por Paul Simon para o filme The Graduate (A Primeira Noite, em português) que, na minha opinião, reflecte plenamente aquilo que são as eleições autárquicas em muitos concelhos por todo o país.

As eleições autárquicas são momentos de forte mobilização de pessoas, seja através dos partidos ou através dos movimentos independentes. São eleições onde há a oportunidade de conhecer os problemas que afectam directamente o dia-a-dia das populações, de falar abertamente com homens, mulheres, mais ou menos jovens e procurar soluções para combater as suas adversidades.

A verdade é que cada vez menos se vê o autarca das obras faraónicas, das placas com o seu nome em cada esquina, das festas e festinhas, que parece uma espécie de déspota esclarecido dono e senhor do seu concelho ou freguesia. Mas também é verdade que muitas destas práticas continuam a existir e precisam de ser combatidas por uma nova geração de políticas que, em proximidade, auscultando os problemas e anseios das pessoas, os possa resolver.

A política local parece pouco atractiva para a maioria dos jovens. Não é na política local que se encontram as causas que mobilizam (e bem) a minha geração, como é o caso da luta climática, antifascista e anti-racista. Nós queremos mudar o mundo e, com essa ânsia, parece que nos esquecemos que mudar o mundo pode começar por mudar o que está mal na nossa rua, o que nos afecta a nós e à comunidade em que vivemos.

Em muitos concelhos, a minha geração não encontra respostas para os seus problemas nos candidatos que são apresentados. Parecem todos mais do mesmo, apresentam mensagens gastas e soluções que já não se coadunam com os nossos tempos. Por isso, chegou o momento de sermos nós a assumir e de concretizarmos a mudança que queremos ver nas nossas comunidades. Chegou o momento de participarmos activamente nestas eleições e de colocarmos em prática os nossos ideais, ajudando aqueles com os quais nos cruzamos diariamente nas ruas.

A viragem para a construção de um mundo mais justo, equitativo, solidário, ecologista, progressista pode e deve começar na nossa rua, pode e deve começar na nossa comunidade. Não podemos faltar à chamada.

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