Chris Ware vence grande prémio do festival de Banda Desenhada de Angoulême

Autor arrecada o principal galardão do festival que a pandemia obrigou a adiar para 2022. Neste ano eram também finalistas ao galardão as autoras francesas Pénélope Bagieu e Catherine Meurisse.

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cortesia Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême

O autor e desenhador norte-americano Chris Ware venceu o Grande Prémio do Festival de BD de Angoulême, em França, foi esta quarta-feira anunciado.

Num curto comunicado, o festival de Angoulême anunciou que o prémio de carreira, um dos mais importantes na área da banda desenhada, foi atribuído a Chris Ware, num ano em que eram também finalistas ao galardão as autoras francesas Pénélope Bagieu e Catherine Meurisse.

Chris Ware, 53 anos, começou a publicar na década de 1990, depois de ter participado na antologia Raw, de Art Spiegelman e Françoise Mouly, sendo autor de obras como Rusty Brown, Jimmy Corrigan e a invulgar novela gráfica Building Stories, um livro-objecto composto por mais de uma dezena de pequenos livros, cuja ordem de leitura fica ao critério do leitor.

Amplamente premiado, nomeadamente com os galardões Harvey e Eisner, Chris Ware recebeu em 2003 o prémio de melhor álbum de BD em Angoulême, com Jimmy Corrigan e, uma década depois, o prémio especial do júri com Building Stories.

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Chris Ware tem 53 anos gil roth/Festival Internacional de Banda DEsenhada de Angoulême

No comunicado, o festival francês considera que Chris Ware produz uma obra original, com uma força e um traço imediatamente reconhecíveis pelo público, e que “oscila entre a doce melancolia e a profunda tristeza”, observando “ao microscópio o quotidiano das personagens e dos seus gestos mais insignificantes”.

Chris Ware, que vive nos Estados Unidos, é muito discreto sobre a vida privada e são raras as aparições públicas, como escreve a agência noticiosa France Press. Já tinha sido finalista do Grande Prémio de Angoulême entre 2018 e 2020.

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"Building Stories"

O Festival de Banda Desenhada de Angoulême deveria ter acontecido, como habitualmente, em Janeiro, mas acabou adiado para o Verão por causa da pandemia da covid-19, com a organização esperançosa de que, nesta altura, já poderia acolher público. Tal não aconteceu, embora tenha sido mantida a atribuição dos prémios.

Em anos anteriores, o Grande Prémio foi atribuído a nomes como Emmanuel Guibert, Franquin, Zep, Art Spiegelman, Bill Watterson e Richard Corben.

Este ano, o Grande Prémio de Angoulême voltou a estar rodeado em polémica, sobretudo no processo de votação dos finalistas, no qual participam os profissionais do sector. Além de Chris Ware, Pénélope Bagieu e Catherine Meurisse, alguns profissionais queriam que entre os finalistas figurasse Bruno Racine, antigo director da Biblioteca Nacional de França e autor de um relatório, revelado em 2020, que denuncia a precariedade dos escritores e autores franceses. Ainda que, efectivamente não pudesse ser premiado, por não ser um autor de banda desenhada, a escolha de Bruno Racine para finalista seria um voto de protesto público sobre as condições laborais dos autores, e por não terem sido seguidas as recomendações do relatório pelo poder político.

A próxima edição, a 49.ª, do Festival de Angoulême decorrerá de 27 a 30 de Janeiro.

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