Líder de golpe militar toma posse como Presidente interino do Mali

A comunidade internacional tem pressionado o país desde o golpe militar de Maio, liderado por Assimi Goita, que destituiu o Presidente e primeiro-ministro do Governo de transição.

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A investidura de Assimi Goita teve lugar na capital do Mali, Bamaco HADAMA DIAKITE/LUSA

O coronel maliano Assimi Goita, que destituiu dois Presidentes nos últimos nove meses, tomou posse esta segunda-feira como Presidente do Governo de transição democrática, solidificando a sua posição no Mali. No mesmo dia, Goita nomeou o líder da oposição para primeiro-ministro do Governo, respondendo aos apelos da comunidade internacional para a constituição de uma transição civil.

“Juro perante Deus e o povo maliano preservar fielmente o regime republicano, preservar as conquistas democráticas, garantir a unidade nacional, a independência do país e a integridade do território nacional”, afirmou o líder do golpe militar, na cerimónia inaugural em Bamaco, capital do país.

Goita expressou o seu compromisso para com “o sucesso da transição, especialmente a realização de eleições credíveis, justas e transparente, realizadas como previsto”. Ainda assim, os conselheiros do coronel sugeriram que o prazo original de Fevereiro de 2022 pode ser alterado.

Mais tarde, Goita nomeou o líder da oposição e antigo primeiro-ministro, Choguel Maiga, como primeiro-ministro do Governo de transição, de acordo com um decreto divulgado numa emissora estatal. A sua inclusão no Governo pode ser o suficiente para responder aos apelos internacionais para a realização de uma transição civil.

O antigo comandante do Exército maliano tinha sido confirmado Presidente interino pelo Tribunal Constitucional há duas semanas, pouco depois de ter detido o presidente e primeiro-ministro do Governo de transição, por não terem consultado o coronel sobre a formação do novo Governo.

O golpe do coronel foi reprovado pela comunidade internacional. A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e a UA foram mais longe e suspenderam o Mali das suas organizações, embora tenham recusado impor futuras sanções.

Também o Banco Mundial anunciou na sexta-feira a suspensão temporária de pagamentos para o país. Já a antiga potência colonial, França, que tem mais de cinco mil soldados a combater o fundamentalismo islâmico no país, anunciara que iria suspender a operação conjunta.

Num dos países mais pobres de África, e onde as forças de segurança têm poucos recursos, as parcerias internacionais são fundamentais. A instabilidade política pode ainda aumentar a vulnerabilidade do país e da região do Sahel face à ameaça jihadista e de grupos armados que operam na região.

Por isso, Goita reforçou que pretende “assegurar às organizações sub-regionais e regionais e à comunidade internacional que o Mali honrará todos os seus compromissos para e no melhor interesse da nação”.

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