Líder do Boko Haram suicidou-se, diz grupo islamista rival

Abubakar Shekau, responsável por inúmeros ataques contra civis que fizeram mais de 30 mil mortos no nordeste da Nigéria, terá detonado um engenho explosivo para escapar à captura.

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Abubakar Shekau num vídeo gravado em 2018 Handout

O líder do grupo islamista nigeriano Boko Haram, Abubakar Shekau, terá cometido suicídio para evitar ser capturado pelos seus rivais do Estado Islâmico na Província da África Ocidental, na sequência de combates entre as duas organizações, em Maio.

Shekau, que lidera o Boko Haram desde 2009 e foi responsável por inúmeros ataques contra a população civil no nordeste da Nigéria na última década, é um dos candidatos à liderança unificada dos islamistas na região.

Desde 2014, ele e Abu Musab al-Barnawi — o líder do Estado Islâmico na Província da África Ocidental — lutam entre si, e contra o Governo central nigeriano, com o objectivo de substituírem “a democracia e a influência do Ocidente” por um Estado independente guiado pela lei islâmica.

A principal diferença entre os dois grupos é a determinação do Boko Haram em atacar a população civil de forma indiscriminada, incluindo muçulmanos que não apoiam a sua luta.

Há três semanas, a agência noticiosa France Press avançou que Abubakar Shekau tinha ficado ferido com gravidade depois de ter disparado contra si próprio, ao tenta escapar à captura por combatentes rivais. Agora, o líder do Estado Islâmico na Província da África Ocidental surgiu numa gravação em áudio, divulgada pelos media nigerianos no domingo e ouvida por jornalistas da agência Reuters, a dizer que Shekau morreu ao detonar um engenho explosivo.

“Deus julgou Abubakar Shekau ao enviá-lo para o Céu”, diz Abu Musab al-Barnawi na gravação, segundo a Reuters. “Shekau preferiu ser humilhado na outra vida a ser humilhado nesta vida, e suicidou-se ao detonar um engenho explosivo.”

A confirmar-se, a morte de Shekau pode ser decisiva para a consolidação do poder do Daesh no nordeste da Nigéria e na região do Lago Chade, disse Bulama Bukarti, um estudioso do Boko Haram no Instituto Tony Blair para a Mudança Global.

“O Estado Islâmico na Província da África Ocidental apresentou Shekau como sendo o principal problema, e ele era a única pessoa que o grupo queria eliminar”, disse Bukarti à Reuters. O objectivo era convencer os combatentes do Boko Haram a juntarem-se num único grupo — que pode, agora, concentrar-se na luta armada contra o Exército nigeriano.

Esta não é a primeira vez que Abubakar Shekau é dado como morto desde que chegou ao topo do Boko Haram, há 12 anos. Mas é a primeira vez que os seus maiores rivais na região surgem a anunciar a sua morte.

Desde 2009, o Boko Haram matou mais de 30 mil pessoas e obrigou mais de dois milhões a fugirem das suas casas, provocando uma das maiores crises humanitárias das últimas décadas. Em 2014, o grupo destacou-se ao sequestrar centenas de raparigas de uma escola em Chibok, no nordeste do país.

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